Alguns milhares de pessoas juntaram-se no Campo 24 de Agosto e marcharam "em defesa do povo e do país", num percurso colorido por bandeiras e cartazes e animado por gaita-de-foles e bombo, com Jerónimo de Sousa e o cabeça de lista, João Ferreira, à frente da tarja principal: "Avançar é preciso".
"Nós quantas vezes já aqui viemos, 40, 50 vezes, à rua de Santa Catarina? Há uma coisa que qualquer residente ou participante nestas iniciativas pode afirmar é que a CDU o que disse na rua de Santa Catarina, disse o mesmo na Assembleia da República e no Parlamento Europeu", afirmou o líder do PCP, no palanque dos discursos finais naquela artéria comercial e movimentada da cidade do Porto.
O secretário-geral comunista fazia o contraponto com "deputados de PS, PSD e CDS a desenharem-se diferentes", mas que "foram iguais" e "estiveram juntos" em votações e iniciativas diversas, tanto no parlamento português como na Europa, afirmando coisas em solo luso e decidindo contra o interesse nacional lá fora em diversas matérias ou desviando-se de promessas eleitorais.
"Esta semana que passou vimos o PS a fazer cálculos eleitorais, a tentar libertar-se do facto de não ter as mãos livres para andar para trás. Nesta nova fase da vida política nacional, o PS não mudou. O que mudou foi as circunstâncias e relações de forças na Assembleia da República", continuou Jerónimo de Sousa, referindo-se ainda à recente crise política com a polémica da devolução de tempo de serviço aos professores.
Interrompido a espaços com os gritos "a CDU avança, com toda a confiança", o líder comunista foi denunciando que "o PS não se sentia bem, particularmente, na reposição de rendimentos e direitos" e "quer libertar-se, de facto, para, se pudesse, ter uma maioria absoluta".
"Ao longo da história, o nosso povo sabe bem o que constituíram maiorias absolutas do PS, com todas as consequências no retrocesso social, na aceitação das imposições da União Europeia, nas privatizações, no compromisso com o grande capital", alertou.
O eurodeputado e recandidato da CDU debruçou-se sobre "a polémica em torno dos salários dos deputados ao Parlamento Europeu", que "está aí de novo", para defender o regresso aos tempos em que os rendimentos dos parlamentares em Estrasburgo estava equiparado ao dos deputados de cada parlamento nacional.
"É bom que se saiba que foram os eleitos da CDU os únicos portugueses que votaram contra o atual estatuto dos deputados ao Parlamento Europeu que representou um significativo aumento dos vencimentos. Fizemo-lo porque estar deputado não é profissão ou carreira é uma função de representação", afirmou, pois, "se um trabalhador português não recebe o mesmo que um alemão, seja operário, médico ou professor, então também os deputados (europeus) devem ter por referência aquilo que são os salários em Portugal e não noutros países europeus".
Jerónimo de Sousa e João Ferreira, no final do evento, foram abordados por um grupo de lesados do resolvido BES, já atrás do cenário que enquadrou o minicomício, e ouviram as suas queixas e reivindicações.
"Aqueles que, passados cinco anos de mandato, têm para apresentar ao povo português uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, bem podem vir agora dizer, com dor de cotovelo, que trabalhámos para a estatística ou refugiarem-se em máximas e tiradas da cartilha anticomunista de trazer por casa. Digam o que fizeram, prestem contas ao país e ao povo como nós fazemos todos os dias", desafiou ainda João Ferreira, elogiando o trabalho desenvolvido pelos eurodeputados da CDU.
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