Numa primeira incursão ao Alentejo na campanha eleitoral, João Ferreira discursou num pequeno restaurante, após o almoço, sobre os problemas do desenvolvimento do Interior do país e visitou um centro de dia para idosos, insistindo no desafio a socialistas, sociais-democratas e democratas-cristãos - os quais "na hora da verdade estiveram juntos" - em relação aos dinheiros de Bruxelas.
"Nós temos falado muito de fundos comunitários. Estamos a discutir, neste momento, o próximo quadro financeiro plurianual e sabemos que existe a possibilidade de Portugal levar um corte nas verbas da coesão. Lançamos um desafio muito claro, que (PS, PSD e CDS-PP) se diferenciem por aí, por exemplo", disse, em declarações aos jornalistas.
"Que digam, cada um desses partidos, o que pretendem fazer quando os seus deputados no Parlamento Europeu (PE) forem confrontados com uma proposta que represente um corte de verbas para Portugal. Pela nossa parte, assumimos um compromisso: não aprovaremos nenhuma proposta que signifique um corte para Portugal. Seria bom que outras forças fizessem essa clarificação, não é depois, mas antes das eleições", desejou.
Questionado sobre o diálogo e "troca de mimos" entre PS e a direita nestes últimos dias, o eurodeputado da força que junta PCP e "Os Verdes" acusou socialistas e PSD e CDS-PP de serem iguais e terem assumido as mesmas posições em Bruxelas e Estrasburgo.
"O tipo de trocas de acusações a que temos assistido resulta de um facto ineludível, o de que PS, PSD e CDS têm uma enorme dificuldade em se distinguir por aquilo que fizeram no PE nos últimos anos. Como têm essa dificuldade, porque estiveram sempre de acordo no fundamental, têm de arranjar questões laterais, algumas pouco agradáveis e pouco esclarecedoras, para se diferenciar. Têm de encenar divergências que, na verdade, não tiveram no PE", disse.
Ainda durante a sua intervenção depois da refeição, João Ferreira tinha apontado o dedo a PS, PSD e CDS-PP por "carpirem mágoas" e "chorar lágrimas de crocodilo" em relação aos problemas do Interior do país durante a campanha, quando os seus sentidos de voto na União Europeia foram no sentido de políticas de desinvestimento e, consequentemente, de despovoamento.
"Às vezes, só faltou levar o cemitério e não o fizeram porque não conseguiam. Levaram a escola, o centro de saúde, a freguesia, a repartição pública, a estação dos Correios, levaram tudo", afirmou, sublinhando a necessidade de investimento na ferrovia em geral, nomeadamente uma estação, com cais de embarque de mercadorias nesta região de exploração de mármores, na ligação Sines-Caia.
Para João Ferreia, "a desertificação e o esquecimento a que foram votadas extensas áreas do país, despovoadas, sem serviços, sem emprego, sem gente, é inseparável do resultado de políticas decididas ao nível da UE e do PE".
Comentários