Mota Amaral declarou que combate de “forma determinante” a maneira como a construção europeia se tem processado nos últimos anos, para salvaguardar que “não se vai por um bom caminho quando se dá por assente que a Europa tem que funcionar sob um diretório”.
O antigo presidente do Governo dos Açores falava em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, no lançamento do seu mais recente livro, “Os Açores, Portugal e a União Europeia”.
O social-democrata considerou que “existem muitos povos europeus e é nesta pluralidade que reside a sua grandeza”, devendo a Europa ser “construída com a participação de todos”, sem exclusão de partes.
Para Mota Amaral, todos os Estados-membros “têm um contributo a dar” e “os Açores também”, algo que considerou que hoje “é reconhecido”, a par das outras regiões ultraperiféricas da UE.
O antigo presidente da Assembleia da República, que é considerado o “pai” do conceito de ultraperiferia, consagrado no Tratado da União Europeia, disse que a caminhada europeia das ilhas “trouxe vantagens concretas e reais” para os seus habitantes.
Mota Amaral recusou olhar para a integração das ilhas na UE como “os coitadinhos, que de mão estendida pedem ajuda”, assumindo-se estes espaços insulares como um “grande capital que valoriza o conjunto”.
Segundo Mota Amaral para realizar a Europa nos Açores há que haver “regras adequadas e os meios necessários” para que as ilhas se “coloquem ao mesmo nível do conjunto europeu”.
O fundador do PSD gostaria de ver os Açores como contribuinte líquido para a UE, em vez de beneficiário, mas reconheceu que isso não vai ser possível de alcançar nos próximos anos porque as regiões ultraperiféricas “têm de facto limitações estruturais invencíveis” impostas pela geografia, o que, adiantou, está reconhecido no Tratado da União.
Um dos apresentadores do livro de Mota Amaral foi Jaime Gama, também ele natural dos Açores e antigo presidente do parlamento nacional, que destacou que Mota Amaral foi um ator ativo de vários momentos da construção europeia.
Para o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, está-se perante um “pensamento independente” na forma como vê a construção europeia, um “interveniente sem interrupção”, que nunca abdicou das suas convicções.
Referindo que o antigo presidente do Governo dos Açores esteve em todos os momentos de crise da UE, Jaime Gama - que destacou o papel de construção que desempenhou na plataforma das ilhas na Europa - lembrou, por outro lado, que foi esta figura que introduziu em Portugal o pensamento político do Presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy.
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