"Putin explora as fraquezas de Trump, fazendo-lhe elogios", escreveu o ex-vice-diretor da CIA, Michael Morell, numa coluna de opinião no jornal "The New York Times". "Nos Serviços de Inteligência, diríamos que Putin recrutou Trump como agente involuntário da Federação Russa", ironizou o veterano da CIA.
Na coluna, Morell explica também as razões pelas quais irá votar em Hillary Clinton nas eleições de 8 de novembro e critica fortemente o candidato republicano, afirmando que "não apenas não está qualificado para o cargo (de presidente dos Estados Unidos), como pode ser um risco para a nossa Segurança Nacional".
Michael Morell trabalhou 33 anos na CIA e dirigiu a agência interinamente na qualidade de vice-diretor. Lembrou que Putin é também um ex-agente dos serviços de Inteligência, especializado em descobrir falhas nos seus alvos e mestre nos meios para explorar essas fragilidades. "Putin explorou as fraquezas de Trump, enchendo-o de elogios. E este reagiu como Putin havia previsto", disse.
Morell recordou que Trump classificou o presidente russo de grande líder, encorajou os serviços de Inteligência russos a espiarem a sua rival democrata, a ex-secretária de Estado Hillary, e colocou em causa os compromissos dos Estados Unidos com a NATO em caso de agressão russa a um país báltico. Também acusou Trump de ter "abalado a segurança dos Estados Unidos, ao ter pedido que a entrada de muçulmanos no país seja proibida". Segundo este quadro da CIA, essa ideia reforça a propaganda terrorista, a qual afirma que a luta contra o terrorismo é, de facto, uma guerra contra o Islão.
Em contraste, Morell deu total apoio à ex-secretária de Estado do presidente Barack Obama. "Tenho confiança nela. Saberá cumprir a tarefa mais importante de um presidente: garantir a segurança do país", escreveu.
Trump tem estado envolvido em inúmeras polémicas durante a sua campanha eleitoral. A última ocorreu na quinta-feira, durante um comício, quando o candidato atacou os imigrantes, os quais, segundo ele, representam uma ameaça terrorista para o território americano. "Centenas de refugiados, que vêm de territórios e dos países mais perigosos da terra, não? Temos de pôr fim a essa prática", disse em Portland, no Maine. "Deixamos entrar pessoas que vêm de países terroristas e que não deveriam ter esse direito, porque não podemos controlá-los", reiterou o candidato republicano. "Não sabemos nada deles. Isto poderia ser o maior cavalo de Tróia de todos os tempos", acrescentou.
Nesta sexta, em conferência de imprensa, em Washington, Hillary voltou a ser questionada sobre os seus e-mails privados e sobre as suas declarações, depois de o FBI ter isentado a ex-secretária de Estado de responsabilidade no caso. Na passada segunda-feira, a democrata declarou à Fox News que o diretor do FBI, James Comey, disse que as suas respostas são verdadeiras sobre se teria enviado, ou recebido, material confidencial pelo seu e-mail particular. O comentário foi considerado falso pelos "verificadores de factos" de Washington e, hoje, Hillary, reconheceu que algumas de suas respostas não foram exactamente claras.
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