*Última atualização às 20h32
O Estado Islâmico afegão reivindicou hoje o duplo atentado à bomba que ocorreu em Cabul, capital do Afeganistão, adianta a Reuters, citando informações presentes no grupo de Telegram da organização terrorista.
O ataque proveio em duas explosões: a primeira teve lugar às 18:24 em Cabul (14:54 em Lisboa), perto de um dos portões do aeroporto de Cabul, onde se aglomeram milhares de pessoas; a segunda, ocorreu junto ao hotel Baron, próximo do portão do aeroporto alvo do primeiro ataque.
Ao fim da tarde, numa conferência de imprensa organizada no Pentágono, o general Kenneth F. McKenzie, chefe do Comando Central dos Estados Unidos encarregado do Afeganistão, confirmou terem ocorrido dois atentados à bomba e disse que os EUA acreditavam tratarem-se de ataques suicidas levados a cabo por membros Estado Islâmico afegão.
Nesta comunicação, McKenzie confirmou a morte de pelo menos 12 membros das forças armadas norte-americanas (11 fuzileiros e um médico) e garantiu que os EUA vão agir contra os autores dos atentados. "Estamos a trabalhar arduamente neste momento para determinar quem está associado a este ataque covarde e estamos preparados para tomar medidas contra eles", disse.
No entanto, a prioridade dos EUA, mantém-se as ações de evacuação. "Vamos continuar a executar a nossa missão número um, que é tirar do Afeganistão a maior quantidade de cidadãos", adiantou. "O EI não nos impedirá de cumprir a missão", assegurou.
Entretanto, uma terceira explosão ocorreu hoje em Cabul, após o duplo atentado. A terceira explosão na capital afegã foi ouvida por muitos cidadãos e jornalistas locais, que logo partilharam nas redes sociais, e ocorreu poucas horas depois do duplo ataque bombista no aeroporto internacional de Cabul, embora, por enquanto, não haja pormenores sobre a magnitude da nova explosão.
Pelo menos 13 mortes e mais de 50 feridos
De acordo com a Al Jazeera, que cita uma fonte de segurança talibã, há pelo menos 13 mortes, incluindo estrangeiros e crianças. Já o porta-voz principal dos talibãs, Zabihullah Mujahid, indicou à agência France-Press (AFP) que os ataques provocaram entre 13 e 20 mortos, número esse que sobe para 22 segundo as fontes da Associated Press. Não é referido se este número já inclui os 12 norte-americanos mortos, confirmados pelo Pentágono.
Há vários órgãos e agências de comunicação internacionais que estão a noticiar um número de vítimas mais elevado do que o avançado pela Reuters e pela Al Jazeera. Um deles é o The Wall Street Journal, que dá conta de que pelo menos 60 afegãos terão perdido a vida na explosão, citando o ministério da Saúde afegão.
Há também dezenas feridos — a ONG italiana "Emergency" no local fala em pelo menos 60. A mesma ONG disse que seis das pessoas transportadas para as suas instalações morreram a caminho do hospital da organização.
Contactado pela TSF, o Ministério da Defesa afirmou que os quatro militares portugueses destacados no aeroporto de Cabul encontram-se bem. Em visita à Feira do Livro de Lisboa, o Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou esta informação. "Os portugueses estão seguros em Cabul", frisou.
Neste âmbito, tanto o Governo turco, como o alemão, já anunciaram que a explosão não causou feridos entre os militares daqueles países. A editora do jornal The Times também revelou que não há cidadãos britânicos entre as vítimas.
Já em Moscovo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou ter-se tratado de um atentado suicida que terá provocado a morte de pelo menos duas pessoas e 15 feridos, sem indicar as suas nacionalidades.
As imagens das explosões e o grupo responsável ISIS-K
As suspeitas deste ataque estão a recair sobre a ramificação de um grupo do Estado Islâmico no Afeganistão, o Estado Islâmico da Província de Khosoran (Islamic State’s Khorasan Province —ISKP, em inglês).
O ISIS K é um grupo afeto ao Estado Islâmico no Afeganistão, mas que está em desacordo com os talibãs e que é conhecido por usar atentados suicidas contra civis.
O ataque terá sido levado a cabo por dois homens-bomba e homens armados. Os meios de comunicação locais divulgaram imagens mostrando vários corpos no local do ataque, bem como pessoas feridas a serem levadas para hospitais.
Os jornais afegãos enumeram também que pelo menos a primeira explosão foi de grande potência.
Talibãs condenam ataque
Os talibãs condenaram o ataque que provocou várias mortes e feridos por duas explosões junto do aeroporto de Cabul, lembrando que o atentado ocorreu numa área controlada pelas forças militares dos EUA.
O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse que o seu grupo "condena veementemente" o ataque no aeroporto de Cabul, "cuja segurança está nas mãos das forças americanas", e disse que o Emirado Islâmico está a prestar "muita atenção à segurança e proteção do seu povo".
O porta-voz dos talibãs prometeu ainda que os autores do ataque "serão severamente dissuadidos".
Ameaças terroristas: um ataque anunciado
Este foi o primeiro ataque a ter lugar na capital afegã desde que os talibãs assumiram o controlo do país a 15 de agosto.
O ataque ocorreu quando milhares de afegãos se encontravam fora do aeroporto de Cabul numa tentativa de fugir do país em voos de resgate organizados pelas forças internacionais.
Na quarta-feira à noite, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália apelaram aos cidadãos para saírem do aeroporto de Cabul devido a "ameaças terroristas". Os três países emitiram avisos simultâneos, muito específicos e quase idênticos.
As pessoas que se encontram no aeroporto sobretudo “nas entradas leste e norte devem sair imediatamente”, apelou o Departamento de Estado norte-americano, reportando as tais “ameaças à segurança”.
A diplomacia australiana alertou para uma "ameaça muito elevada de ataque terrorista", enquanto Londres emitiu um aviso semelhante.
"Se estiver na área do aeroporto, deixe-o para um lugar seguro e aguarde instruções adicionais. Se for capaz de sair do Afeganistão em segurança por outros meios, faça-o imediatamente", indicou o Governo britânico.
Estes avisos surgiram depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter dito que os rebeldes talibãs se tinham comprometido a deixar partir cidadãos dos Estados Unidos e afegãos em risco e ainda no país após 31 de agosto.
A Casa Branca salientou durante vários dias que a possibilidade de um ataque de forças do ISIS era um factor que os pressionava a tentar completar a operação de evacuação até 31 de Agosto.
Joe Biden acompanha situação após ataques em Cabul
O Presidente dos EUA, Joe Biden, está a ser mantido informado sobre os desenvolvimentos no Afeganistão após as explosões perto do aeroporto de Cabul, disse hoje a Casa Branca.
Joe Biden "está na sala de crise" na Casa Branca, disse um funcionário do seu gabinete, citado pela agência France-Presse sob a condição de não ser identificado.
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