Separatistas russos e forças ucranianas trocaram acusações esta quinta-feira de disparos e explosões que violam o cessar-fogo no leste da Ucrânia, numa altura em que o Ocidente receia o início de um conflito entre a Rússia e a Ucrânia a qualquer momento, lançando o alarme.

Um relatório hoje publicado pela OSCE dá conta de cinco explosões em Donetsk (num total de 17 violações ao cessar-fogo) e 71 e Luhansk (num total de 129 violações ao cessar-fogo) no dia 15 de fevereiro. Apesar de ser um número elevado, está em linha com o número de violações ao cessar-fogo registadas nestes locais nas últimas semanas.

Esta manhã, todavia, a imprensa local reporta um disparo de morteiro que atingiu um jardim de infância em Luhansk por volta das 9h00. Não há registo de mortos, mas dois professores terão ficado feridos. Os detalhes dos incidentes não estão ainda oficialmente confirmados.

Também uma fonte diplomática confirmou à Reuters que o dia amanheceu vários bombardeamentos ao longo da linha de contato.

Apesar de as violações ao cessar-fogo no leste da Ucrânia serem recorrentes, qualquer escalada lança o alarme numa altura de grande tensão entre os dois países. Recorde-se que há mais de 100 mil tropas russas mobilizadas na fronteira com a Ucrânia, apesar de Moscovo recusar qualquer intenção de iniciar um ataque.

Hoje mesmo, os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter aumentado o contingente militar na fronteira com a Ucrânia em sete mil tropas nos últimos dias, apesar de a Rússia ter anunciado uma retirada parcial das forças aí destacadas.

Também o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta quarta-feira que não viu quaisquer sinais de uma diminuição da concentração das tropas russas nas fronteiras da Ucrânia, dizendo que tinha simplesmente observado “pequenas rotações”.

O Ocidente e Kiev receiam que Moscovo utilize um incidente entre os separatistas e as forças ucranianas a leste como justificação para uma invasão. A Rússia, por sua vez, acusa a Ucrânia de tentar provocar uma escalada do conflito nesta região para tentar recuperar terreno.

Desde 2015 que o cessar-fogo trouxe maior acalmia ao conflito separatista no leste da Ucrânia, apesar da OSCE reportar dezenas de violações todos os dias, que causam vítimas mortais todos os meses.