“Sabemos, através da Comissão de Trabalhadores, que a empresa apresentou uma proposta de 'lay-off'”, avançou à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul), Hélder Guerreiro.

De acordo com o sindicato, em comunicado, a administração avançou com uma proposta que engloba a paragem da produção durante “seis meses renováveis por igual período” e o pagamento de 66% do salário atual dos trabalhadores no próximo ano.

Em declarações à Lusa, o sindicalista afirmou que a proposta “é de todo inaceitável” e que “não lembra a ninguém uma empresa estar um ano parada em 'lay-off' a receber subsídios da Segurança Social”.

Por essa razão, o SITE Sul realizou, na segunda-feira, um plenário de trabalhadores, nas instalações da empresa, em Sines, onde foi “aprovada a rejeição” do documento, explicou.

Durante o plenário “os trabalhadores aprovaram a rejeição dessa proposta da administração da Indorama, ou seja os trabalhadores não aceitam receber 66% do salário nos próximos meses e veremos como [a situação] vai evoluir nos seis meses a seguir”, acrescentou.

No comunicado, o SITE Sul lamentou que, apesar de se tratar de “uma multinacional com mais cem fábricas em todo o mundo [e] com uma valorização bolsista de 150 mil milhões de dólares [cerca de 140,5 milhões de euros]”, a Indorama Ventures recuse “qualquer pagamento acrescido aos trabalhadores neste período por um problema para o qual os trabalhadores em nada contribuíram”.

A Lusa tentou contactar a administração da empresa Indorama Ventures, em Sines, mas não obteve qualquer resposta.

Entretanto, segundo o sindicato, “foi marcado plenário para esta quarta-feira na portaria da Indorama com possibilidade de os trabalhadores se deslocarem até Sines numa ação de protesto”.

“Iremos entregar a moção que for aprovada nesse plenário ao presidente da Câmara Municipal de Sines”, precisou ainda o sindicalista.

Segundo o SITE Sul, a proposta de 'lay-off' apresentada pela administração da Indorama “traz ainda grandes preocupações relativamente à segurança das instalações em que é pretendido reduzir o número de trabalhadores destinados a assegurar a integridade de uma fábrica classificada como SEVESO com impacto direto na região”.

Em agosto o sindicato pediu uma reunião urgente ao ministro da Economia para o sensibilizar para a urgência de tomada de medidas que salvaguardem os postos de trabalho da unidade fabril e a economia nacional.

A empresa tailandesa Indorama Ventures adquiriu, em novembro de 2017, a antiga fábrica da Artlant, unidade industrial ligada à área petroquímica instalada no complexo industrial de Sines, num investimento de 28 milhões de euros.

A Artlant, que tinha a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como principal credora, foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa no final do mês de julho de 2017, dois anos depois de ter entrado em Processo Especial de Revitalização (PER).

A unidade fabril, agora nas mãos da Indorama Ventures, é produtora de ácido tereftálico purificado, a matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar (como garrafas para bebidas), e tem uma capacidade produtiva de 700 mil toneladas por ano.