Para a diretora para África da OMS, Matshidiso Moeti, a decisão dos países mais ricos de avançarem para uma terceira dose das vacinas, quando o continente africano só vacinou cerca de 2% de pessoas, "ameaça a promessa de um futuro melhor para África".
Segundo a AP, que cita a diretora regional da OMS para África, o aumento do número de casos no continente nas últimas semanas obriga a que sejam disponibilizadas mais vacinas, mas "África está a encontrar ventos contrários", nomeadamente nos Estados Unidos, que decidiram avançar para uma terceira dose da vacina.
A situação em África "continua muito frágil", com a variante Delta a dominar o número de novas infeções na maior parte dos países do continente.
Mais de 7,3 milhões de casos, de que resultaram mais de 186 mil óbitos, foram confirmados no continente, que está a debater-se com sinais de que a eficácia das vacinas está a esbater-se.
Moeti disse não poder garantir que as vacinas que servirão para a terceira dose nos EUA são aquelas que estavam planeadas para ser disponibilizadas aos países africanos, mas afirmou: "Espero que não seja o caso".
A situação das vacinas, apontou, "já é altamente desigual" a nível global, e por isso a prioridade tem de ser vacinar os 1,3 mil milhões de africanos, cujos países estão muito atrasados em termos de cobertura e acesso.
Os países ricos, conclui, já deram, em média, 103 doses de vacinas por cada 100 habitantes, ao passo que em África esse número é de apenas seis.
No princípio da semana, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tinha considerado "inconsciente" que alguns países estejam a contemplar um reforço da vacina para além da segunda dose, "quando tantas pessoas continuam desprotegidas".
África registou hoje mais 43.146 casos de infeção pelo novo coronavírus, elevando o total para 7.388.784, que resultaram em mais 862 óbitos, para 186.367 mortes, segundo os dados oficiais mais recentes.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A covid-19 provocou pelo menos 4.392.364 mortes em todo o mundo, entre mais de 209,2 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.
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