“Estamos profundamente preocupados com a segurança da população civil em Alepo, onde os que permanecem em áreas controladas pelos rebeldes estão confinados a zonas cada vez mais pequenas, na parte oriental da cidade", disse Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em conferência de imprensa, em Genebra.
Segundo a organização, há sírios impedidos de sair pelos grupos rebeldes e desaparecidos após tentarem regressar a áreas controladas pelas forças do regime.
As Nações Unidas estimam em “cerca de cem mil” os civis que se encontram nos bairros da zona leste de Alepo ainda controlados pelos grupos rebeldes, que, segundo o ACNUR, têm impedido saídas, por vezes recorrendo às armas.
Rupert Colville referiu que, nas últimas duas semanas, duas fações rebeldes “aparentemente sequestraram e mataram um número indeterminado de civis que pediram para deixar os bairros”.
O porta-voz sublinhou que os habitantes estão a “ser utilizados como peões”, o que prefigura um “crime de guerra".
O ACNUR tem também recebido “indicações muito alarmantes” sobre represálias das forças leais do regime contra civis suspeitos de terem apoiado os grupos rebeldes.
Nas zonas agora controladas pelas forças governamentais, as famílias estarão a ser apartadas e centenas de homens estão desaparecidos.
Os Capacetes Brancos, socorristas voluntários que atuam nas zonas sob domínio dos rebeldes e já salvaram mais de 70 mil pessoas, lançaram um apelo desesperado às organizações internacionais para que lhes garantam uma passagem segura para deixarem o território.
“Se os nossos voluntários não forem retirados, arriscam-se à tortura e à execução nas prisões do regime”, alertam.
De acordo com o Observatório dos Direitos Humanos Sírio, após uma interrupção de várias horas, as forças do regime retomaram os raides aéreos e continuam a bombardear os últimos bairros de Alepo sob domínio dos grupos rebeldes.
Os grupos rebeldes estão a perder o controlo da segunda cidade síria e até agora principal bastião da oposição, uma viragem num conflito que, desde março de 2011, já causou mais de 300 mil mortos e levou ao êxodo de metade da população do país.
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