No texto, a que o 7MARGENS teve acesso, os subscritores dizem que este é um momento de “absoluta urgência”, a exigir “um grito de clareza e transparência” da parte do bispo. Recordam o afastamento preventivo de três dos sete padres cujos nomes estão na lista entregue pela Comissão Independente, mas questionam as motivações do bispo ao entregar os restantes quatro casos no Vaticano, “sem tomar qualquer decisão cautelar no plano pastoral (seja em que sentido for) e sem partilha de qualquer fundamentação”.

Lembrando que, “filial e lealmente”, estiveram próximos de D. Manuel Linda nestas “longas e dolorosas semanas”, dizem agora que não podem calar a “dor e comunhão com o sofrimento das vítimas dos abusos sexuais”, nem “o desconforto pelos sinais” da parte do bispo “que não confirmam a sintonia, nem com a urgência, nem com o consolo da clareza”.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

O grupo diz-se ainda preocupado também com a maioria dos padres, que nada têm a ver com os abusos, “portadores da verdade, da justiça e da bondade de Cristo”.

Esta tomada de posição é subscrita por 441 católicos, mulheres e homens, entre os quais o enólogo e ex-atleta paralímpico Bento Amaral, o apresentador Jorge Gabriel, o chef Hélio Loureiro, o advogado João Anacoreta Correia, as médicas Edna Gonçalves e Mariana Guimarães, a economista Helena Pinto ou o arquiteto Nuno Valentim Lopes.

O tema dos abusos tem feito surgir várias iniciativas desta natureza, com a mobilização organizada e formal de fiéis a criticar a hierarquia. Em novembro de 2021, um abaixo-assinado com duas centenas e meia de subscritores terá influenciado o episcopado, que hesitava em criar uma comissão independente para estudar o abuso sexual de menores na Igreja. A comissão entraria em funções no início de 2022 e apresentou o relatório final no passado mês de fevereiro, identificando a existência de pelo menos 4815 casos de abusos entre 1950 e 2022. Depois disso, um grupo de católicos promoveu uma vigília de silêncio em diferentes pontos do país, coincidindo com o começo da Quaresma; finalmente, no início de março, uma nova carta assinada por outras duas centenas e meia de católicos e movimentos eclesiais indicava tarefas concretas que se deveriam pôr em marcha depois da publicação do relatório.