Os irmãos de Maxwell denunciam "graves violações dos direitos de defesa e da presunção de inocência, tratamento indigno e degradante que a nossa irmã sofreu e continua a sofrer na prisão onde está detida em isolamento há 500 dias de forma não justificada", segundo um comunicado dos advogados François Zimeray e Jessica Finelle, especializados em casos de direitos humanos.

Os dois - que não representam Maxwell - apresentaram a denúncia em Genebra, na Suíça, perante o Grupo de Trabalho da ONU sobre Prisões Arbitrárias, que não tem poder de coerção, mas cujos apelos têm algum peso, devido à reputação de independência das suas investigações.

De acordo com o recurso introduzido nesta segunda-feira, Maxwell, filha do antigo magnata da imprensa britânica Robert Maxwell, pode não ser objeto de um julgamento justo.

"Há uma linha estreita que separa a justiça da vingança (...) Diante do tribunal da opinião pública, Maxwell é presumida culpada, condenada e demonizada antes de qualquer julgamento", afirmam os advogados.

Eles enfatizaram ainda que a sua iniciativa não depende da defesa do mérito nos Estados Unidos e que se baseia no que para eles são "inúmeras violações do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos". Os advogados também denunciam uma detenção "segundo um regime de exceção": isolamento, constantes revistas corporais diárias, vigilância 24 horas por dia.

O julgamento de Ghislaine Maxwell, de 59 anos, deve começar em 29 de novembro em Nova Iorque, dois anos depois do suicídio de Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual de menores.

Ela, que tem nacionalidades francesa, britânica e norte-americana, é acusada de recrutar menores para Epstein e outros na mesma esfera social. Assim, enfrenta uma possível sentença de prisão perpétua ao final de um processo que levará seis semanas.

Maxwell declarou-se inocente das seis acusações contra ela, incluindo o tráfico de menores. Se a sua culpa for confirmada em todas elas, pode ser condenada a 80 anos de prisão.