"Refazer as eleições sob supervisão da ONU das regiões anexadas. A Rússia sai se essa for a intenção do povo". Esta foi uma das propostas que o bilionário Elon Musk levou a votação na sua conta oficial do Twitter como parte de um hipotético plano de paz para a Rússia e a Ucrânia.
As outras medidas passam por tornar "a Crimeia formalmente uma parte da Rússia" — observando Musk que "sempre o foi desde 1783" —, "assegurar fornecimento de água à Crimeia" e garantir que "a Ucrânia mantém-se neutral".
De momento, entre as opções de "sim" ou "não" a este plano, o "não" leva clara vantagem, com 59,1% dos mais de 670 mil votos já feitos.
Além disso, este plano avançado por Musk está a ser alvo de muitas críticas, especialmente por parte de ucranianos, que o acusam de ignorância e de imiscuir-se em temas que não conhece.
"Pá, Elon. Parece que perdeste muitas aulas de história enquanto te tiveste a concentrar no espaço e em carros elétricos. As tuas propostas parecem-se com as de Putin. Espero que não tenha sido nesse sentido", respondeu Serhiy Prytula, apresentador e ator com historial de participação política.
Em resposta, Musk defendeu que o seu plano "será provavelmente o resultado final" do conflito, sendo apenas "uma questão de quantas pessoas morrerão" até então. Noutro tweet, alerta para o risco de um conflito nuclear se um acordo não for alcançado.
A sugestão é feita depois da Duma, a câmara baixa do parlamento russo, ter ratificado os tratados de anexação das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Kherson e Zaporijia, todas em território ucraniano, assinados na sexta-feira pelo Presidente Vladimir Putin.
As leis de ratificação foram votadas uma a uma e receberam o apoio unânime dos deputados russos, que aplaudiram o resultado da votação, realizada de modo eletrónico.
Putin formalizou na sexta-feira em Moscovo a anexação destas quatro regiões ucranianas, áreas parcialmente ocupadas pela Rússia no leste e sul da Ucrânia, após a realização de referendos, considerados ilegais por grande parte da comunidade internacional.
As quatro regiões representam cerca de 15% do território da Ucrânia, ou cerca de 100.000 quilómetros quadrados, um pouco mais do que a dimensão de países como a Hungria e Portugal ou um pouco menos do que a Bulgária, segundo a agência espanhola EFE.
A Federação Russa, que tem mais de 147 milhões de habitantes, ultrapassará os 150 milhões com estas anexações.
Uma grande parte dos países e das organizações da comunidade internacional condenou estas anexações, dizendo que são o resultado de “falsos referendos”, comprometendo-se a não reconhecer qualquer validade a esta decisão.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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