A Fenprof esteve reunida na EB 2.3 D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, para balanço do ano letivo que terminou e apresentação de plano para a abertura segura do ano letivo 2020/2021.

Em declarações à SIC Notícias, Mário Nogueira fez um balanço do que aconteceu nas escolas no início da pandemia. "De um momento para o outro as escolas fecharam e toda a gente teve de entrar em teletrabalho. Houve muito que aprender, houve equipamentos que não existiam, houve um trabalho exigente que foi desenvolvido. Mas chegamos ao final do ano e a verdade é que apesar do grande trabalho e da exigência com que nele se envolveram os professores, os pais que acompanharam os filhos e os alunos, as desigualdades separaram, as aprendizagens ficaram muito aquém do que era necessário, os programas não se completaram", começou por explicar.

"Foi um ano atípico e temos de aprender com ele, para perceber que o próximo tem de ser presencial", reforçou o secretário-geral da Fenprof. Contudo, para isso, é necessário ter vários fatores em consideração.

"Mas só vai ser presencial — quer para recuperar défices anteriores, quer para poder voltar à normalidade — se houver regras exigentes, desde logo de segurança sanitária", frisou. Neste sentido, Mário Nogueira refere que as normas indicadas são as divulgadas pela DGS para as escolas.

Todavia, o o secretário-geral da Fenprof acusa o Ministério da Educação de não adotar essas mesmas regras, pois não constam das diretivas que chegam as escolas.

"O Ministério fala do distanciamento, que considera ser de um metro, mas se possível e, portanto, continua a manter a constituição das turmas como anteriormente", acentua, referindo ainda a questão da "constituição dos pequenos grupos".

Mário Nogueira levantou ainda a problemática dos grupos de risco, referindo que há docentes nessa situação. "Há um corpo docente envelhecido, muitos deles têm doenças e necessidade de serem resguardados", lembra, dizendo que há cerca de metade dos professores acima dos 50 anos.

"Cerca de 10%, o que andará na ordem dos 12 mil professores, são pessoas com doenças de risco. Se estiverem numa turma com 30 miúdos, em contacto permanente, em que no primeiro ciclo tiram as máscaras, obviamente que o risco de serem contagiados e terem problemas complicados aumenta muito", diz.

Foi ainda referido que o Ministério da Educação deve "acolher e cumprir as orientações da Direção-geral da Saúde" e, caso isso não aconteça, a Fenprof defende que a DGS "valide as que o Ministério faz e que são diferentes das suas". Além disso, é necessário que os pais e as associações sejam ouvidos, uma vez que "as próprias escolas sabem as medidas adequadas" para que o défice seja recuperado "e o ano letivo corra bem".