"A Champions acontece no país porque nesta altura as autoridades de saúde, num esforço conjunto, com os portugueses, conseguiram manter a pandemia do covid-19 num nível controlado usando a verdade como arma e a ação rápida como regra", começou por dizer Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), numa declaração feita no Palácio de Belém, onde estiveram presentes várias figuras de Estado como Marcelo Rebelo de Sousa ou António Costa.
"A Champions acontece em Portugal em 2020 porque o Sr. primeiro-ministro e o Governo que lidera agiu com a mesma velocidade ao apelo da federação e essa celeridade foi muito importante para superar candidatos com peso político muito relevante na cena internacional. Peso político absoluto que sentimos do Sr. Presidente da República desde o minuto 1. Disponível para tudo, de conversas nacionais e internacionais. Foram muitas as conversas telefónicas e outras pessoais aqui em Belém e em que a sua energia nos deu alento as horas de reunião com a UEFA", disse, antes de passar a palavra a Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa.
O autarca de Lisboa elogiou o trabalho do presidente da Federação de Futebol e elogiou quem tem capacidade para "fazer as crises oportunidades".
"Num momento em que o mundo vive uma crise sem precedentes, em que todos lutamos pela recuperação das nossas economias, conseguir ter em Lisboa o maior evento desportivo que se vai realizar, com centenas de milhões de telespetadores em todo o mundo, que vão durante mais de uma semana ouvir e seguir o nome de Lisboa e de Portugal, é de uma importância sem limites", afirmou Fernando Medina.
O presidente da Câmara de Lisboa admitiu que os impactos positivos "não serão maiores pelas circunstâncias", que não permitem “uma realização presencial”, devido à pandemia de covid-19, reconhecendo que o evento terá “uma importância estratégica de médio prazo para a economia da cidade da região e do país”.
"Lisboa, Portugal, vão ter uma exposição de centenas de milhões de pessoas durante muito tempo, em todo o mundo", acrescentou, deixando também elogios aos intervenientes neste processo, designadamente ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes.
"O Fernando não é um avançado. Não marca golos como o Ronaldo, mas olha que este foi um golo com um belíssimo efeito e um golo com grande impacto para a vida de muitos e muitos milhões de portugueses nos próximos anos", salientou Medina, elogiando o responsável federativo.
"Especialíssima final da Champions"
António Costa falava numa cerimónia nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa, na qual discursaram também os presidentes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, e da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Queria aqui agradecer aos profissionais de saúde e a todos os portugueses que tornaram possível que Portugal se afirmasse como um destino seguro. E esta é a grande mensagem que a escolha da UEFA para realizar esta prova em Portugal dá a todo o mundo: é que Portugal é um destino seguro", declarou.
O primeiro-ministro descreveu Portugal como um lugar seguro para se viver, fazer turismo, trabalhar ou investir e realçou que "ainda na semana passada viu renovado o seu reconhecimento como o terceiro país mais pacífico do mundo, o mais pacífico de toda a União Europeia" e que "durante três anos consecutivos foi escolhido como o melhor destino turístico mundial".
"Este reconhecimento pela UEFA de como somos um destino seguro é algo muito importante no esforço enorme que todo o país está agora a fazer para, ao mesmo tempo que combatemos a pandemia, conseguirmos trabalhar para a recuperação da nossa economia", acrescentou, enviando um abraço "de profunda gratidão e de amizade pelo notável trabalho que fez" ao presidente da FPF e à sua equipa.
Segundo António Costa, "o mérito, a competência, o prestigio, o empenho, a enorme capacidade diplomática" da FPF e, em particular, do seu presidente, foram decisivos para a escolha hoje anunciada pela união de federações europeias de futebol.
Apesar de nenhum clube português estar já disputar a Liga dos Campeões, o primeiro-ministro apontou a fase final desta competição, que se realizará em Lisboa, entre 12 e 23 de agosto, como "uma vitória antecipada de todos os portugueses", pelo seu comportamento no combate à pandemia de covid-19.
"Foi o esforço de todos, a enorme disciplina com que todos acataram as normas de confinamento, têm praticado as normas de distanciamento social, as normas de proteção individual que permitiram diferenciar Portugal e a forma como Portugal conseguiu controlar esta pandemia", sustentou.
No seu entender, este "é também um prémio merecido aos profissionais de saúde", que demonstraram que Portugal tem um Serviço Nacional de Saúde (SNS) "robusto para responder a qualquer eventualidade".
"Esta não é mais uma final"
A última palavra coube ao Presidente da República, tendo Marcelo Rebelo de Sousa afirmado que "Fernando Gomes ganhou mais um desafio e ganho-o para Portugal", mas sem esquecer as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, em 2017.
"Temos dias que são feitos de tristezas e alegrias; de passado, presente e futuro. O dia começou com uma evocação em termos de passado, triste, a propósito das vítimas dos incêndios florestais. Depois teve uma tarde cheia de debate sobre o futuro, do Orçamento Suplementar e o Conselho Europeu. E termina ao pôr do sol, com uma magnífica notícia para Portugal", começou por dizer o Chefe de Estado.
Depois, tal como já o tinham feito António Costa ou Fernando Medina, guardou umas palavras para o presidente da Federação de Futebol, Fernando Gomes. "É uma vitória não só de Portugal, mas de Fernando Gomes. É uma vitória dele. Dele, nossa. Dos portugueses. Mas é muito dele", disse.
Ainda segundo Marcelo Rebelo Sousa, o primeiro-ministro estava "tão entusiasmado com a possibilidade de jogar a final em Lisboa como o presidente da Federação Portuguesa de Futebol". De seguida, salientou o papel determinante do Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo. Porém, frisou que "esta não é mais uma final da Champions a realizar em Portugal".
"Esta é um caso único e irrepetível porque é uma final mais duas meias finais e mais quatro quartos de finais, mas é irrepetível pelo momento que estamos a viver. Nós não conhecemos nos últimos 100 anos uma pandemia semelhante a esta. Nós não vivemos em Portugal, na Europa e no Mundo, nada que se comparasse com esta pandemia — que estamos ainda a viver", disse.
"No momento em que todos os países disputam o regresso ao turismo internacional. No momento em que todos os países disputam a retoma das suas economias. No momento em que todos os países disputam o afirmar a sua marca nacional no mundo... ser a marca Portugal aquela que vence e aquela que se vai afirmar nesse mês crucial de agosto durante mais de oito dias, não tem preço. É irrepetível. É uma vez na vida", rematou o Chefe de Estado.
"E aqui, já disse o senhor primeiro-ministro, António Costa, mas eu queria reforçar, Portugal tem autoridade moral, pela forma como conduzimos o combate à pandemia, mas agora pela forma transparente como continuamos a combater a pandemia. E digo transparente porque não escondemos a nossa vontade de testar e testar mais, porque não escondemos que esse testar mais significa determinados valores", afirmou.
Segundo o Presidente da República, Portugal é recompensado pela "situação notável que se verifica no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em termos de internamentos, e de internamentos em cuidados intensivos" e pela forma como prossegue o combate à covid-19 "sem forjar números, mantendo a transparência".
"Nós mostramos tudo isto ao mundo. Não paramos o vírus de um dia para o outro como se ele não existisse. Não paramos a epidemia de um dia para o outro, como se ela estancasse - isso não existe, mas não existe em nenhum país do mundo", acrescentou, concluindo: "Portanto, Portugal vence pelos seus méritos passados e pela sua transparência presente, ou seja, pelo mérito do SNS, dos profissionais de saúde e dos portugueses".
"Os portugueses merecem o que vão ter em agosto e é um orgulho para o Presidente da República Portuguesa ser testemunha de mais este triunfo de Portugal, em tempo devido, isto é, antes do termo do mandato", declarou.
* com agências
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