"Se [as eleições] fossem amanhã, não tinha dúvidas. Agora, vamos ter presidenciais muito tarde. Ainda faltam dois anos e tal", responde o ex-líder socialista e atual presidente do parlamento quando questionado se admite "votar no candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa".
Ferro revela que na última eleição não votou no atual chefe de Estado, apesar de o PS não ter dado indicações de voto. Mas se optasse por Marcelo, seria a primeira vez a votar num candidato de outra área política.
"Desde que entrei para o PS, em nenhuma eleição deixei de votar no PS ou no candidato indicado pelo PS", salienta o antecessor de José Sócrates na liderança dos socialistas, embora afirmando ter um "feitio heterodoxo", mas ser também "um homem de partido".
"Não gosto de ortodoxias e decisões centralizadas que toda a gente tem de cumprir quer goste quer não", admite.
Para Ferro Rodrigues, é também necessário ver se Marcelo se recandidata e o também o desempenho na reta final do mandato.
"Vamos ver como é a evolução dos próximos dois anos e vamos ver como é a relação entre um novo parlamento que vai existir e o Presidente nesta fase final do seu mandato", afirma.
Na entrevista ao Público, o ex-secretário-geral do PS afirma ter uma "relação muito boa" com Marcelo Rebelo de Sousa e ir "muitas vezes" a Belém, o que considera ser "muito interessante" porque "não era expectável". "Mas o Presidente, enquanto Presidente e enquanto pessoa, tem sido uma revelação muito positiva para mim", sublinha.
Sobre o futuro presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues considera que "Costa com certeza ouvirá o partido" e admite que o seu sucessor poderá ser Carlos César.
À pergunta "Se Carlos César quiser ser presidente da AR, dá-lhe o lugar tranquilamente?", Ferro responde: "Não vejo porque não. Não é dar o lugar. Acho que com certeza o secretário-geral do PS levará em conta o que pensa o partido, mas não quero adiantar-me a diligências que serão feitas mais tarde".
O presidente do parlamento aproveita a entrevista para advertir que "os deputados ou os membros dos cargos políticos não podem ser tratados como cães" ou "pior do que cães", ao referir-se a ataques de minorias que criam "problemas comportamentais do ponto de vista democrático".
Ferro considera ainda que "faz pouco sentido" os juízes receberem mais do que o primeiro-ministro, numa crítica implícita às propostas do PS de alteração ao Estatuto dos Magistrados Judiciais que abrem essa hipótese.
Ao Público, o ex-líder do PS defende ainda a necessidade de transparência quanto aos proprietários dos órgãos de comunicação social e considera que o exercício de inventariar as 'fake news', ou notícias fabricadas, "não é difícil".
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