É preciso que "o corpo do ex-presidente seja preservado e não entregue antes da realização de uma autópsia", disse a filha do ex-presidente num comunicado, citado pelas agências internacionais, alguns dias depois de ter apresentado queixa à polícia espanhola por "alegada tentativa de homicídio" contra José Eduardo dos Santos.

A Presidência angolana anunciou hoje a morte do antigo presidente numa mensagem publicada na rede social Facebook, expressando a sua "grande tristeza" e "consternação".

José Eduardo dos Santos tinha sido hospitalizado na Clínica Teknon, em Barcelona, Espanha, há duas semanas

A sua colocação nos cuidados intensivos trouxe à luz tensões no seio da família, nomeadamente entre a ex-mulher de José Eduardo dos Santos, Ana Paula, e pelo menos uma das suas filhas, Tchizé dos Santos.

Tchizé dos Santos apresentou uma queixa em Barcelona no início de julho e pediu que fosse aberto um inquérito por, entre outras questões, "a alegada tentativa de homicídio, falta de assistência a uma pessoa em perigo, ferimentos causados por negligência grave", de acordo com os dois escritórios de advogados que aconselham a filha do antigo presidente angolano.

De acordo com um dos seus advogados, a filha de José Eduardo dos Santos acredita que a ex-mulher do seu pai, Ana Paula, e o médico pessoal do ex-presidente são responsáveis pela deterioração da sua saúde.

Segundo os seus advogados, Tchizé dos Santos afirma que o seu pai e a ex-mulher estavam separados há algum tempo e que ela não tem poder de decisão sobre a sua saúde porque o seu casamento não é legalmente reconhecido em Espanha.

José Eduardo dos Santos, 79 anos, é pai de oito filhos com cinco mulheres e esteve à frente dos destinos de Angola durante 38 anos.

Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos Presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.