
O político, 37, foi detido às 6h locais, na cidade de Barranquilla, ao mesmo tempo que a sua ex-mulher Daysuris Vásquez, que o acusou de ter ligação com traficantes de drogas e contrabandistas.
O MP anunciou a prisão do filho do Presidente "pelos crimes de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito", e da sua ex-mulher por "lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais".
Por volta das 14h locais, Nicolás Petro chegou a Bogotá sob um forte aparato de segurança.
Pouco depois das 20h00 locais, o MP transmitiu em direto aquela que seria a primeira audiência dos detidos perante um juiz, mas foi adiada devido à ausência da defesa de Vásquez. Na transmissão, Petro apareceu de boné branco e fato preto ao lado da ex-mulher.
Após uma infidelidade, Daysuris Vásquez disse à revista "Semana", em março, que Nicolás Petro teve uma vida de luxo com as grandes quantias de dinheiro que teria recebido para a campanha eleitoral do atual presidente.
Gustavo Petro, que, segundo a denúncia, não sabia dos pagamentos, lamentou a notícia e afirmou que irá garantir a independência da Justiça.
"O meu filho Nicolás e a sua ex-mulher foram capturados pelo Ministério Público. Como pessoa e pai, tanta autodestruição dói-me muito, e que um dos meus filhos passe pela cadeia", publicou Petro no X, antigo Twitter. "Como afirmei perante o procurador-geral, não irei intervir ou pressionar as suas decisões; deixemos que a lei guie livremente o processo", acrescentou.
Vida de luxo
O próprio Presidente pediu a abertura de uma investigação contra seu primogénito, a meio do escândalo que abala o primeiro governo de esquerda da Colômbia.
Nicolás nasceu quando Gustavo Petro estava na guerrilha M-19 e vivia na clandestinidade. Recentemente, o Presidente afirmou que não acompanhou o seu crescimento, como fez com os seus outros cinco filhos após, assinar a paz.
Até às revelações de Daysuris Vásquez, Nicolás era deputado pelo movimento político do Presidente, o Pacto Histórico, no departamento de Atlântico. Os jornais publicaram os seus extratos bancários, muito superiores ao salário correspondente a esse cargo. As suas despesas incluíam compras de jóias e roupas de luxo.
Ali e em toda a costa caribenha tornou-se um homem-chave nas aspirações do seu pai. Era uma região historicamente relutante à esquerda, mas em 2022 acabou catapultando Petro para a presidência.
Na entrevista, Daysuris garantiu que o ex-traficante e ex-contrabandista Samuel Santander Lopesierra, que cumpriu 18 anos de prisão por narcotráfico nos Estados Unidos, entregou a Nicolás Petro o equivalente a cerca de 124 mil dólares (585 mil reais) para a campanha, mas que este último ficou com o dinheiro.
Daysuris afirma que o seu ex-marido nunca conversou com Gustavo Petro sobre essas movimentações.
Sob a lupa
Noutro escândalo, relacionado escutas telefónicas ilegais, o ex-embaixador da Colômbia na Venezuela, Armando Benedetti, ameaçou expor supostas irregularidades na campanha presidencial de Petro nos departamentos caribenhos.
Em conversas tornadas públicas pela imprensa com a ex-braço direito do presidente e ex-chefe de gabinete, Laura Sarabia, Benedetti insinua um suposto envolvimento de Nicolás Petro nessas irregularidades.
"Tenho alguns indícios por causa de Nicolás. Sempre tive indícios muito sérios do que estava a acontecer. Quando saiu a denúncia contra ele, comecei a montar o quebra-cabeça, viajei para Cartagena, na semana seguinte, e perguntei o que foi o que aconteceu e contaram-me algumas histórias", disse o ex-diplomata à Semana no início de junho, sem entrar em detalhes.
A 18 de julho, Sarabia compareceu perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e negou ter conhecimento do dinheiro da campanha, enquanto Benedetti foi intimado pela autoridade, mas não compareceu.
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