De acordo com o Expresso, Filipe Lobo d'Ávila demitiu-se ontem à noite da Comissão Executiva do CDS-PP. O vice-presidente do CDS-PP sai com outros dois membros da direção, Raúl Almeida e Isabel Menéres Campos.

As razões para a saída de Lobo d'Ávila foram descritas numa carta que este dirigiu a Francisco Rodrigues dos Santos, presidente do partido. De acordo com o Observador, que teve acesso à missiva, o membro demissionário diz que "não é possível assobiar para o lado. O CDS não sobreviverá se não encontrarmos uma solução transversal e pacificadora e que nos volte a dar relevância.”

“O CDS tem hoje um problema de afirmação externa que importa enfrentar. Temos que conseguir ler para além da bolha das redes sociais e dos grupos de apoio do Whatsapp. A mensagem não passa. As pessoas não nos ouvem. O CDS não é considerado. Os indicadores são trágicos. A projeção externa ou não existe ou não é boa. Infelizmente, e por muito que me custe dizê-lo, o CDS de hoje não risca", escreveu ainda Lobo d'Ávila.

Com a saída destes três elementos, parte do grupo Juntos pelo Futuro, Francisco Rodrigues dos Santos perde assim a maioria interna dentro do partido. Filipe Lobo d'Ávila tinha sido um dos opositores do atual presidência à liderança do CDS-PP, mas aceitou aliar-se a Rodrigues dos Santos no 28.º congresso nacional do partido, que decorreu em Aveiro a 26 de janeiro do ano passado.

As demissões surgem numa fase em que a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos se encontra particularmente abalada.  Ontem, o antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para convocar eleições antecipadas para a liderança, defendendo que esta direção "não conseguirá" resolver "a crise de sobrevivência" do partido, e hoje o eurodeputado centrista Nuno Melo admitiu estar na corrida à liderança do partido caso haja eleições em 2022.