Numa entrevista conjunta ao Público e Rádio Renascença, Nuno Melo, eurodeputado do CDS-PP, analisou a atual situação do CDS e admitiu que não exclui a possibilidade de uma candidatura à liderança do partido no próximo ano.

"OCDS não vive num momento extraordinário, nunca valorizei excessivamente as sondagens, mas são muitas a indicar um sentido que é descendente e isso é que me preocupa. O facto de estudos de opinião colocarem o CDS não como partido que é mensurável mas na colunazinha de ‘outros’ incomoda-me, tenho a certeza que incomoda alguém que seja do CDS", começou por dizer.

Quanto a Francisco Rodrigues dos Santos, Nuno Melo refere que este é "bem intencionado, tem boas ideias", mas "não tem conseguido vencer a batalha da comunicação".

Desta forma, o eurodeputado afirma que Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente do CDS-PP, "tem toda a legitimidade para pedir um congresso antecipado na base daquilo que é a sua interpretação e a de muitos sobre o estado do CDS", em vez de se manter a data prevista, em 2022.

Em causa está um artigo de opinião publicado no Observador, em que o centrista alertou que "o CDS tem um problema de sobrevivência" e não tem "muito tempo para resolvê-lo", alegando que "não se trata de uma opinião singular mas de um juízo consensual: não há ninguém que pense" que as coisas "estão a correr bem".

Neste sentido, Nuno Melo admite poder concordar com a antecipação do congresso, deixando uma nota para o caso de este acontecer em 2022 — que envolve a possibilidade de candidatura à liderança do partido. "Ou temos um congresso antecipado e uma disputa que já se entendeu que terá o Adolfo como candidato — eventualmente o Francisco e outros que apareçam — e o pôr tudo em cima da mesa pode ser quase catártico… Mas, se o CDS cumprir o seu ciclo e o congresso acontecer em 2022, acho que ninguém se deve excluir dessa discussão. Eu próprio não excluo, se o congresso for em 2022, aí ser candidato, se nada se alterar".

"Se acontecer um congresso antecipado, se for vontade dos congressistas, dos militantes, que a liderança seja discutida... A actual situação é que, mantendo-se, chega quase a ser corrosiva e arrasta o CDS para um fundo do qual tem de ser tirado muito rapidamente", acentuou.