As demissões foram aceites pelo rei dos belgas, segundo um comunicado, depois de um encontro no Palácio Real em Bruxelas com Charles Michel, que comunicou ao monarca a situação política e o nome dos ministros que herdam as pastas (Interior, Finanças, Defesa e Migração).

O ex-ministro do Interior Jan Jambon, da Nova Aliança Flamenga (N-VA, nacionalistas), tinha confirmado hoje à televisão pública RTBF que ele e os outros ministros se iam demitir.

Com a saída da N-VA, Michel passa a dirigir um governo sem maioria no parlamento, a cinco meses das eleições legislativas, previstas para o final de maio.

O governo belga já se tinha confrontado com tomadas de posições da N-VA sobre a migração, consideradas radicais, mas no sábado à noite o presidente do partido, Bart De Wever, lançou um ultimato a Michel, indicando que a formação sairia do governo se este se deslocasse a Marraquexe para aprovar em nome da Bélgica o Pacto Global da ONU.

“Se já não temos voz neste governo (…), não vale a pena continuar”, declarou De Wever.

No sábado à noite, realizou-se um conselho de ministros que não permitiu ultrapassar as divergências.

A N-VA era o único dos quatro partidos da coligação governamental que se opunha ao texto das Nações Unidas, que deve ser aprovado na conferência intergovernamental que decorre na segunda-feira e terça-feira, em Marrocos.

Dois terços dos 193 países-membros da ONU vão estar na conferência para aprovar o documento, incluindo Portugal, fruto de 18 meses de consultas e negociações e o primeiro deste género, tendo como base um conjunto de princípios, como a defesa dos direitos humanos, dos diretos das crianças migrantes ou o reconhecimento da soberania nacional.

Itália, Áustria, Bulgária, Hungria, Polónia, República Checa, Eslováquia, Estónia, Letónia, Suíça, Austrália, Israel e República Dominicana não irão a Marraquexe, assim como os Estados Unidos, que se retiraram da elaboração do pacto em dezembro passado.