“O Governo decidiu hoje fechar mais postos fronteiriços. Apenas o posto Raja-Jooseppi permanecerá aberto”, disse Petteri Orpo em conferência de imprensa.

O Governo de Helsínquia já tinha anunciado, na quinta-feira passada, que ia fechar metade dos seus pontos de passagem fronteiriça com a Rússia durante a noite de sexta-feira para sábado.

Segundo as autoridades finlandesas, guardas de fronteira e soldados já começaram a erguer barreiras, incluindo obstáculos de cimento cobertos com arame farpado, nas três passagens que vão ser fechadas.

Cerca de 600 migrantes sem vistos nem documentação legal, na sua maioria provenientes do Médio Oriente e de África, chegaram à Finlândia este mês, aumentando exponencialmente o número habitual de entradas.

Em setembro e outubro, apenas algumas dezenas de migrantes atravessaram a fronteira para a Finlândia, entrando, consequentemente, na União Europeia.

As chegadas este mês foram sobretudo de cidadãos do Afeganistão, Iraque, Síria, Iémen, Quénia, Marrocos e Somália, adiantaram as autoridades fronteiriças.

“Temos de fazer isto [fechar as fronteiras] para manter a ordem e garantir a segurança do tráfego fronteiriço legal”, argumentou o vice-comandante da guarda fronteiriça do distrito de Kainuu, no leste da Finlândia, Tomi Tirkkonen, em declarações à agência Associated Press.

A presidência russa (Kremlin) voltou hoje a lamentar a decisão da Finlândia e a rejeitar as acusações de ter encorajado o afluxo de migrantes na fronteira para punir o país nórdico pela sua adesão à NATO.

As relações entre os dois vizinhos deterioraram-se consideravelmente desde fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, ataque que levou a Finlândia, preocupada com a sua própria segurança, a aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança que Moscovo considera uma ameaça.

“Não há dúvidas de que a Rússia está a instrumentalizar os migrantes” como parte da sua “guerra híbrida” contra a Finlândia, afirmou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros finlandesa, Elina Valtonen.

“Temos provas de que as autoridades fronteiriças russas não só estão a permitir que pessoas sem documentação adequada passem para à fronteira finlandesa, como também de que as estão a ajudar ativamente a chegar à zona”, acrescentou.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, assegurou, no entanto, que as autoridades russas estão prontas para trabalhar com a Finlândia para chegar a um acordo sobre a questão fronteiriça.

A Finlândia, defendeu, deveria ter “apresentado as suas preocupações, a fim de ser encontrada uma solução mutuamente aceitável ou receber explicações”.

O ministério russo convocou, na segunda-feira, o embaixador finlandês em Moscovo para apresentar um protesto formal contra o encerramento dos postos de controlo mais utilizados.

Cerca de 30 a 70 migrantes chegam todos os dias ao posto de controlo de Vartius, em Kainuu, e ao posto de controlo de Salla, na região ártica da Lapónia, na Finlândia, onde as condições de inverno incluem temperaturas de 20 graus negativos Celsius e muita neve.

O governador da região de Murmansk, no norte da Rússia, que faz fronteira com a Finlândia, Andrei Chibis, publicou hoje fotografias de migrantes numa tenda, perto do posto de controlo de Salla, montada pelas autoridades regionais russas “para os aquecer, e para que comam e bebam chá quente”.

O governador descreveu a situação como uma “crise humanitária” e criticou as autoridades finlandesas.

A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia.