“O incêndio está dominado desde ontem (quarta-feira), hoje tivemos algumas reativações, foram prontamente combatidas e dominadas pelos operacionais presentes no terreno e, portanto, a situação neste momento está estável. Está em consolidação de rescaldo e vigilância em todo o seu perímetro”, afirmou o segundo-comandante regional do Norte, Armando Silva.
O fogo começou domingo à tarde em Cortinhas, em Murça, e estendeu-se, depois, aos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Valpaços.
“Os meios foram chegando conforme as necessidades e, neste momento, temos um dispositivo ainda aqui de 610 operacionais, apoiados por 185 veículos, temos quatro máquinas de rasto em apoio às operações das tais reativações que têm pontualmente aparecido”, afirmou Armando Silva, que lembrou que, durante o dia, estiveram a operar no local quatro meios aéreos.
O segundo-comandante reforçou, num ponto de situação feito pelas 20:15, que a “situação está completamente dominada neste momento”.
“Foi claramente uma ocorrência de grande complexidade”, afirmou.
No teatro de operações chegaram a estar mais de 800 operacionais, entre bombeiros de vários pontos do país, militares de diferentes valências da GNR, as Forças Armadas, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Cruz Vermelha Portuguesa, INEM e a Força Especial de Bombeiros da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
“Enquanto for necessário irão manter-se (os meios) no terreno”, disse Armando Silva, acrescentando que os “meios estão espalhados por todo o perímetro, com maior incidência naquilo que foi identificado como os pontos de maior risco de reativação”
O município de Murça decretou três dias de luto municipal, entre hoje e sábado para, de acordo com o presidente da Câmara, Mário Artur Lopes, se possa homenagear “quem, numa circunstância completamente terrível, acabou por perder a sua vida”.
Foi a sair da aldeia que um casal com 69 e 72 anos morreu, depois do carro onde seguiam ter caído numa ravina. Foram encontrados já mortos e as causas do acidente estão a ser investigadas pela GNR.
Mário Artur Lopes referiu que já está a ser feito o levantamento das consequências deste incêndio, o qual se vai prolongar “durante alguns dias”.
Numa primeira estimativa referiu que a “área ardida ultrapassa os 10.000 hectares nos três concelhos”: Murça, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços. Destes 10.000 hectares, “50% a 60%” dizem respeito ao município de Murça.
“Mais de metade do concelho de Murça foi atingido por este incêndio, que teve uma evolução muito rápida, empurrado pelo vento”, afirmou.
Mário Artur Lopes disse ainda que o “fogo colocou diversas aldeias, de várias freguesias do concelho, em perigo e foi necessário proceder a evacuações preventivas”.
Populares, maioritariamente idosos, foram retirados e pernoitaram na residência de estudantes, no pavilhão desportivo ou em casa de familiares.
“Para além de uma importante mancha florestal, dizimada durante quatro longos dias de combate às chamas, as nossas populações acordam agora para uma nova e dura realidade, com bens e fontes de rendimento reduzidos a cinza”, frisou.
Mário Artur Lopes disse que vão ser estudadas formas de “apoiar” e de “reivindicar apoios para estas populações”.
“Contamos que quem possa contribuir de forma decisiva para que esta situação seja minimizada nos ajude a cumprir esse objetivo. Obviamente é o Governo ou outro tipo de instituições”, salientou.
O autarca frisou que não se “pode deixar que situações destas se repitam e de forma permanente”.
“Todos nós perdemos com isto. Há aqui uma oportunidade de rever a forma como estes territórios, como estes espaços estão ocupados…) Se olharmos para tudo o que tem acontecido nos últimos anos gasta-se muito menos a programar uma ocupação florestal como deve ser, do que a promover combates desta dimensão”, afirmou.
(Notícia atualizada às 21h26)
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