Esta manhã, o presidente da Bielorrússia confessou que não gostou do que viu, quando o grupo Wagner tomou a cidade de Rostov-on-Don, no dia 23 de junho, no sul da Rússia.

“Não vou esconder, foi doloroso assistir aos eventos que aconteceram no sul da Rússia. Não só eu. Muitos dos nossos cidadãos levaram a sério [as ações do PMC Wagner]. Porque a pátria é uma só”, disse Lukashenko, em referência ao “motim” encenado por Yevgeny Prigozhin.

Na sexta-feira, os mercenários do Grupo Wagner realizaram uma rebelião armada de 24 horas, liderada pelo seu líder, Yevgeny Prigozhin, no fim de semana, durante a qual tomaram a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e avançaram até 200 quilómetros de Moscovo.

A tentativa de motim terminou com um acordo mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que, segundo o Kremlin, estabelece que Prigozhin fique exilado na Bielorrússia, em troca de imunidade para si e para os seus mercenários.

Na intervenção de hoje, do principal aliado de Putin, não há referência ao acordo que Lukashenko terá celebrado com Prigozhin. De acordo com as palavras do presidente bielorrusso, a que o SAPO24 teve acesso através da rede Telegram, Lukashenko afirma que tem estado a preparar-se para a guerra desde sempre.

"Todos vocês leram as críticas dirigidas a mim: estou a preparar-me para a guerra há 30 anos. Portanto, hoje vivemos sob um céu de paz", declarou Lukashenko sem especificar se as críticas se referiam ao acordo que terá feito com o grupo Wagner.

“A nossa geração está a passar por um teste de força. Temos a missão de salvar o mundo, conquistada por milhões de vidas de heróis, nossos pais e avós. Isso significa apenas uma coisa - devemos ser mais fortes do que a ameaça que novamente paira como uma sombra sobre nossa terra”, e por isso, Lukashenko colocou todo o exército “em plena prontidão de combate".

O presidente bielorrusso disse ainda que não queria ser chamado de herói pela resolução da tentativa de motim da Wagner.

“Não façam de mim um herói, nem de mim, nem de Putin, nem de Prigozhin, porque perdemos a situação. Pensamos que se resolveria, mas não se resolveu. E duas pessoas que lutaram na frente, colidiram. Não há heróis neste caso”, afirmou, referindo-se aos pilotos que morreram quando abatidos pelos mercenários da Wagner.

De acordo com as palavras de Vladimir Putin, proferidas ontem à televisão estatal russa, ficou entendido o desmantelamento do grupo Wagner, tendo aos combatentes o presidente russo anunciado três possibilidades: alistarem-se no exército russo, voltar para as suas famílias ou juntarem-se ao seu líder que ficará exilado na Bielorrússia.

Lukashenko acusou ainda o ocidente e a NATO de tentar “enganar sobre os planos e intenções reais”.

“Infelizmente, as nossas tentativas de resolver a situação por meio de negociações pacíficas agora são chamadas de "imitação diplomática". O preço dessa "imitação" é de centenas de milhares de vidas humanas", afirmou.

"Hoje vemos claramente uma nova onda de expansão da NATO e um aumento sem precedentes do potencial dos países - membros da aliança na região, inclusive nas imediações das nossas fronteiras. Demonstração após demonstração, é uma demonstração de força", acusa Lukashenko.

"O pior é que se houvesse turbulência, o Ocidente tiraria vantagem instantaneamente", termina o presidente bielorrusso.

Esta terça-feira, as autoridades russas anunciaram a retirada das acusações contra o grupo de combatentes da empresa Wagner, liderado por Yevgeny Prigozhin.

*com Lusa