“Pensamos que eles o atingiram com dois Neptune”, indicou o alto responsável citado pela agência de notícias francesa AFP a coberto do anonimato, desmentindo assim a versão de Moscovo segundo a qual o seu navio-almirante no teatro de guerra ucraniano foi “gravemente danificado por um incêndio”.
O responsável do Departamento da Defesa norte-americano não confirmou, contudo, as informações de que o exército ucraniano distraiu a defesa do Moskva com um ‘drone’ (aeronave não-tripulada) de um lado do navio, enquanto os Neptune, mísseis de cruzeiro antinavio ucranianos, o atingiam do outro lado.
“Acreditamos que houve vítimas, mas é difícil de avaliar quantas”, acrescentou, frisando que os Estados Unidos viram sobreviventes a serem resgatados por outros navios russos nas proximidades.
A Rússia, que não reconheceu oficialmente que a joia da sua frota do mar Negro foi afundada por mísseis ucranianos, disse que a tripulação foi retirada do navio.
“Foi um grande golpe, simbolicamente”, observou o responsável do Pentágono, acrescentando que, acima de tudo, a perda do Moskva, um dos três cruzadores da classe Slava que a Rússia tem, “cria um vazio em termos de poder militar” no sul da Ucrânia, onde o Presidente russo, Vladimir Putin, decidiu concentrar a sua próxima ofensiva.
De acordo com a Convenção de Montreux, “a Turquia não autoriza os navios de guerra a entrar no mar Negro, e [os russos] não poderão, portanto, substituí-lo por outro navio da classe Slava”, explicou.
Ancara controla o acesso ao mar Negro nos termos do tratado de Montreux, assinado em 1936, que garante a livre circulação nos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos mas lhe concede o direito de bloquear a passagem a navios de guerra em tempo de conflito, exceto se estiverem de regresso às suas bases.
O naufrágio do Moskva poderá levar a Marinha russa a mostrar mais cautela e menos envolvimento no teatro de guerra ucraniano, considerou ainda o alto responsável do Pentágono.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU — a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 51.º dia, já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
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