Fontes ligadas ao processo disseram à Lusa que o estudo realizado pela FAP (Força Aérea Portuguesa) sobre as implicações da construção de um aeroporto complementar à Portela na base militar do Montijo prevê um custo de 73 ME com a reativação de Tancos, 31 ME com a transferência de parte da operação para a base de Sintra e 05 ME para a base de Beja.

A estimativa inclui uma despesa de 20 ME para a desativação do dispositivo na base n.º 6, Montijo, incluindo 6,5 milhões de euros para obras de estruturas da NATO ali sediadas.

O estudo, que foi entregue ao Governo no final de abril e hoje discutido, à porta fechada, na primeira parte da audição parlamentar ao ministro da Defesa, Azeredo Lopes, estima ainda 242 ME com custos relacionados com a deslocalização do Campo de Tiro de Alcochete, somando no total 372 milhões de euros.

A este valor, o relatório da FAP prevê que a Marinha precisará de 14 ME para deslocalizar os seus helicópteros da base do Montijo para outra base e que o Exército precisará de 7,7 ME para retirar o efetivo atualmente em Tancos.

No estudo, segundo as mesmas fontes, a FAP considera previsível que a construção de um aeroporto civil complementar ao da Portela no Montijo implique um rápido aumento do tráfego aéreo, tornando inviável manter a operação no Montijo, tal como está, a partir de 2023/24.

O governo solicitou em fevereiro à FAP um estudo para avaliar todos os impactos da coexistência das operações civis e militares na Base Aérea n.º 6, no Montijo, a médio e longo prazo.

Em declarações à Lusa, em janeiro, o chefe do Estado Maior da Força Aérea, Manuel Rolo, já tinha advertido que a "coabitação" civil e militar na base do Montijo só será viável enquanto o número de movimentos for reduzido.

"Queremos acreditar que parte do nosso dispositivo poderia coabitar com a atividade civil, enquanto o número de movimentos for reduzido. Se o número de movimentos aumentar de forma exponencial essa capacitação é capaz de estar de facto comprometida", admitiu na altura o general Manuel Rolo.