"Não há nada mais difícil do que escrever estas palavras, mas Niraz não deve morrer em silêncio. Mataram o meu querido, o meu esposo, o meu Niraz (...) Niraz morreu na prisão do regime sírio", disse a sua mulher, Lamis Aljateeb, refugiada na Alemanha, na sua conta do Facebook.

Ahmed Abbassi, amigo de Saied, detido em 2015, confirmou a sua morte. "Nos primeiros dias da sua prisão, sabia-se que estava vivo. Mas depois ficámos sem notícias", indicou à AFP.

Organizações de defesa dos direitos humanos acusam regularmente o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, de tortura e execuções extrajudiciais.

Niraz Saied ganhou no final de 2014 o primeiro lugar de um concurso de fotografia organizado pela agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) e pela União Europeia, com uma foto tirada no acampamento de Yarmuk, em Damasco, onde vivia.

Criado pela ONU nos anos 1950 para acolher palestinianos expulsos das suas terras ou que fugiram do conflito israel-árabe após a criação do Estado de Israel em 1948, o acampamento transformou-se ao longo das décadas num bairro residencial e comercial de Damasco.

Após anos de confrontos entre rebeldes e combatentes favoráveis ao regime, em 2015 o acampamento caiu nas mãos dos extremistas do Estado Islâmico (EI), antes de ser recuperado em maio pelo regime.

Saied tinha 23 anos de idade quando ganhou o concurso da UNRWA e da UE.

A sua foto em preto e branco, intitulada "Os três reis", representava três irmãos de tenra idade à espera da evacuação para receber atenção médica. A foto mostra a tristeza e a dor nos seus rostos.

Conheceu a sua mulher em 2014 durante as filmagens do documentário "As cartas de Yarmuk", que recuperava vídeos filmados por ele que mostravam o difícil dia-a-dia no acampamento durante a guerra iniciada em 2011.