“Hoje, em Montreuil-Bellay, a França evoca um drama há muito tempo ignorado.(…) A República reconhece o sofrimento dos nómadas encerrados e assume a responsabilidade pelo drama” de Montreuil-Bellay, disse hoje François Hollande, quando se cumprem 70 anos da libertação dos prisioneiros deste campo, o maior dos 31 administrados pelo regime de Vichy.
É a primeira vez que um chefe de Estado francês assume o que se passou em Montreuil-Bellay, um campo de concentração situado no noroeste da França, na zona de Maine-et-Loire. Este campo, onde se estima que tenham morrido centenas de pessoas, acolheu perto de 6.000 nómadas, entre os quais cerca de 2.000 ciganos.
“Não devemos esquecer que noutras regiões os nómadas foram deportados para Auschwitz, porque eram ciganos”, recordou Hollande na homenagem à qual assistiram sobreviventes daquele campo de concentração.
Ao considerar que a França tem a obrigação de “reconhecer a memória ferida” da comunidade cigana, Hollande instou os franceses a manterem-se unidos para defender os valores da República – “liberdade, igualdade, fraternidade”.
“Ainda há combates a travar. Temos de estar atentos a todas as ameaças contra a coesão nacional”, acrescentou, numa alusão à ameaça terrorista e ´jihadista` que no último ano vitimou 230 vítimas em França.
Montreuil-Bellay não foi o único campo de concentração onde a comunidade cigana sofreu. Este ano, uma exposição do fotógrafo Mathieu Pernot mostrou outros campos, como o de Saliers, na Camarga (sul de França).
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