Tal como indicavam as sondagens, o presidente centrista Macron, que assumiu o cargo em maio deste ano, sofreu a sua primeira derrota eleitoral nestas eleições indiretas para o Senado.
De acordo com os primeiros resultados, os Republicanos (LR), principal partido da oposição, liderava na câmara com 142 assentos num total de 348, ampliando a sua maioria.
O partido de Macron, que tinha 29 senadores, poderia conseguir entre "20 a 30 senadores", número muito distante do objetivo inicial.
O Partido Socialista, que depois do impopular mandato do ex-presidente François Hollande tem vindo a sofrer vários fracassos eleitorais, irá obter resultados melhores do que o previsto e conquistará cerca de 70 lugares, mantendo-se como a segunda principal força do Senado.
O partido de extrema direita Frente Nacional (FN), que obteve os primeiros dois assentos no Senado em 2014, não conseguiu ampliar a sua participação, ainda que, segundo a sua líder, Marine Le Pen, tenha registado "um significativo aumento de votos".
O En Marche! sonhava com uma nova vitória para fechar com pé direito este ano de maratona eleitoral. No entanto, foi obrigado a reconsiderar as suas ambições num contexto marcado pela queda de popularidade do jovem chefe de Estado, de 39 anos, no poder há menos de cinco meses e fundador deste movimento.
Os senadores são eleitos por voto indireto por um colégio de grandes eleitores, dos quais 95% são autarcas.
O partido de Macron enfrentava estas votações com duas desvantagens: A eleição por voto indireto não é favorável ao chefe de Estado, já que o seu partido foi construído tendo por base uma relação quase direta entre o presidente e os franceses.
A isto soma-se um contexto difícil com a concretização, nas últimas semanas, das primeiras grandes reformas prometidas pelo presidente, que incluem cortes no orçamento das autoridades locais e regionais na ordem dos 300 milhões de euros.
"O governo cometeu uma série de erros e fez tudo que estava ao seu alcance para aborrecer os representantes locais", lamentou o senador centrista Vincent Capo-Canellas.
Na prática, as consequências destes resultados são limitadas, uma vez que em França, em caso de desacordo entre as duas câmaras do Parlamento, a última palavra é dos deputados.
Todavia, isto pode dificultar as reformas governativas, já que um Senado de direita pode atrasar a aprovação de propostas.
De referir que a aprovação do Senado é indispensável para a criação de emendas constitucionais, o que poderia atrapalhar os planos de Macron, que havia prometido realizar importantes reformas constitucionais, incluindo a redução de um terço do número de parlamentares.
Os novos senadores vão iniciar as suas atividades no dia 2 de outubro, quando devem eleger o novo presidente. O atual, Gérard Larcher, é o único candidato declarado.
Em França, o presidente do Senado, como segunda personalidade do Estado, é o responsável por substituir o presidente em caso de morte ou destituição do cargo.
María Elena Bucheli | AFP
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