“É uma questão fundamental e sobre a qual espero que possamos chegar a uma conclusão já no próximo ano, sendo muito reativos e muito rápidos”, disse Sébastien Lecornu numa entrevista ao canal de televisão France 2.
O ministro insistiu que esta força de reação rápida, “para colocar em segurança cidadãos europeus, portugueses, italianos, alemães e franceses”, deve poder ser criada “muito rapidamente”.
Segundo Lecornu, o objetivo deste ainda projeto passar por “colocar forças em posição de contribuir” para “ser reativo em caso de crise”, e acrescentou que não haveria perda de soberania para os países envolvidos, que manteriam o controlo sobre os seus dispositivos militares.
Sébastien Lecornu justificou este projeto com o facto de existirem “muitas crises em que a NATO não tem competências paa atua e em que a França realiza frequentemente operações sozinha”.
O ministro deu como exemplo a retirada de cidadãos europeus em países em crise, como aconteceu no Sudão em abril de 2023, quando Paris mobilizou aviões e navios militares para retirar mais de mil estrangeiros de mais de 80 nacionalidades diferentes, entre os quais pouco mais de 200 cidadãos franceses.
Lecornu considerou que operações como esta (denominada Sagittaire) em Cartum, na capital do Sudão, com muitos países envolvidos, deveria ser natural partilhar o fardo, que “tem um preço e um valor”, entre os países europeus.
“Temos missões que são militarizadas, mas que a NATO não precisa de conhecer por uma série de razões, e sobre as quais dizemos agora ‘vamos fazê-lo na Europa’, e isso, para nós, é pragmatismo”, afirmou o ministro.
Esta “força europeia de reação rápida” foi uma das iniciativas lançadas na quinta-feira pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, num longo discurso na Universidade de Sorbonne, em Paris, no qual defendeu o relançamento da União Europeia (UE), no contexto das eleições para o Parlamento Europeu, em junho.
No discurso, o Presidente francês apresentou a sua visão para a Europa, centrada principalmente na defesa e nas políticas económicas e comerciais, depois de fazer um balanço da UE desde 2017.
Macron afirmou que os europeus não podem contar apenas com o apoio dos Estados Unidos para a sua defesa, porque para Washington “não é a prioridade” e, sem chegar ao ponto de pedir a criação de um exército europeu, apelou a uma “intimidade estratégica” no domínio militar entre os Estados-membros da UE.
O Presidente francês explicou que é necessário “aumentar as despesas com a defesa”, sugerindo um empréstimo europeu para financiar o esforço de defesa, para além de aplicar “a preferência europeia na compra de equipamento militar”, bem como acelerar a integração dos exércitos face a ameaças como a Rússia, com a qual tem havido um aumento de tensões nas últimas semanas pelo apoio prestado pela França à Ucrânia.
Tudo isto com base na ideia de que a Europa é “mortal” e que “pode morrer” ou ser “relegada”, segundo frisou o chefe de Estado francês na mesma intervenção.
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