"Não é um ponto final sobre nada, nem tão pouco é uma vírgula, isto é um dia novo, é uma primavera que a direita precisa de atravessar para renascer e se reinventar e para que o CDS possa ser atrativo aos olhos dos eleitores, produza um efeito novidade", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.

Sobre o grupo parlamentar, o novo líder assinalou não ter "reservas absolutamente nenhumas" e defendeu que "Cecília Meireles só não continuará como líder parlamentar se entender que esse não é o caminho que melhor servirá o seu conforto político nesta fase".

"Confio inteiramente na Cecília Meireles, quero continuar com ela, é uma brilhante parlamentar, mas deixá-la-ei à vontade", acrescentou, advogando que "devem ser criadas zonas de interlocução que permitam o diálogo consertado com o grupo parlamentar".

Esta posição foi assumida pelo novo presidente do CDS em entrevista à rádio Antena1, quando questionado se esta nova fase marca uma rotura com a era do antigo presidente Paulo Portas.

Assinalando que Portas é uma das suas "grandes referências na política", e uma pessoa com quem tem "as melhores relações", Rodrigues dos Santos adiantou que o antigo vice-primeiro-ministro lhe ligou e "foi muito simpático nas palavras" que lhe dirigiu.

O 10.º presidente do CDS-PP, eleito no domingo, em congresso, pretende um "partido virado para o futuro e que não esteja ancorado ao passado" e "onde todos tivessem lugar".

Assim, adiantou que outro dos anteriores líderes do partido Manuel Monteiro "será naturalmente”, militante do partido, até porque, de acordo com os estatutos, defendeu, ele "neste momento ele já é militante".

Sobre o futuro do partido, o novo presidente adiantou que acredita "num partido popular também, um partido que representa sobretudo as pessoas, interclassista independentemente das suas circunstâncias, dos seus rendimentos, da zona do país em que se encontram".

Um partido que "quer responder aos portugueses em temas que lhe são particularmente caros" e "falar a linguagem do povo português" para tentar conquistar o eleitorado.

"Estou focado, em primeiro lugar, em permitir que o CDS recupere a sua relevância política em Portugal" para poder ser "o partido que lidera a direita popular em Portugal".

Ainda assim, não recusa alianças futuras com o PSD, mesmo apesar de ter dito perante o congresso, no seu discurso de consagração que o CDS não seria uma "muleta" de nenhuma outra força política.

"Eu irei ao congresso do PSD [em fevereiro], dando o testemunho pessoal, com o meu cunho e com o meu rosto, de que o PSD é parceiro preferencial do CDS, tradicional, e cujo entendimento poderá ser importante para resgatar o país do socialismo", frisou hoje, sublinhando que a nova liderança está aberta "a pontes de entendimento, em soluções de convergência, de compromisso, estabelecendo entendimentos com o PSD para uma reforma alargada" do país".

Questionado se esses acordos poderão ser firmados já nas eleições autárquicas do próximo ano, Francisco Rodrigues dos Santos ressalvou que "terão de ser vantajosos para os dois partidos" e avaliados "caso a caso" e "mais à frente".

Nesta entrevista, Rodrigues dos Santos concordou com o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, quando diz "que se abriu um novo ciclo nos dois partidos, na medida em que estas duas lideranças não trazem arrastadas e acorrentadas a tempos difíceis de austeridade".

Defendendo uma reforma do sistema eleitoral, o novo líder quer "devolver a palavra aos eleitores e não aos diretórios partidários", através de um "sistema misto" em que os eleitores tenham "voto preferencial", e defendeu uma "nova geometria aos círculos eleitorais, que permitisse reforçar a representatividade dos territórios com baixa densidade populacional".

O novo presidente do CDS defende ainda a "limitação de mandatos para todos os titulares de cargos políticos (...), inclusivamente os deputados, tal como acontece com os presidentes de câmara e os presidentes de junta" e que qualquer "político condenado por corrupção tenha um período em que esteja impedido de poder voltar a candidatar-se".

No que toca às próximas eleições presidenciais, de 2021, o CDS não fecha a porta voltar a apoiar o atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, caso ele se recandidate à Presidência da República, uma vez que "neste momento estão todos os cenários em cima da mesa".

Porém, admite, primeiro é preciso avaliar o seu mandato e ter "um diálogo estruturado com os militantes" do partido.

Francisco Rodrigues dos Santos considera que o próximo Presidente da República "poderá ter, na relação com os partidos políticos, um papel que será acometido a funções mais relacionadas com o controlo do processo legislativo, em que as próprias funções na criação de novas leis possam enquadrar-se num perfil em que o Presidente da República possa, não só ter um papel consultivo, mas como construtor", e não intervir apenas na promulgação das leis, mas antes.

Apesar de rejeitar o que designa de "ditadura do politicamente correto", justificando que as "pessoas estão saturadas da brigada dos costumes", Francisco Rodrigues dos Santos advogou que "de acordo com o referencial da esquerda" pode ser classificado como "um radical, mas isso é bom sinal".

Sobre o Chega, o até agora líder da Juventude Popular considerou que "há muita coisa" que o distingue de André Ventura, líder e deputado daquele partido, assinalando que o CDS tem soluções que "apresentam características de bom senso, de uma visão humanista para a sociedade, uma visão tolerante, baseada na diversidade e no pluralismo".

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