"Mais do que federar, fundir ou coligar-se, o centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador, e os partidos têm de se reconciliar com os eleitores e as suas bases sociais de apoio, consolidando a sua mensagem e procurando apresentar aos portugueses, num permanente diálogo entre si, um projeto autêntico e mobilizador, capaz de vencer eleições", defendeu Francisco Rodrigues dos Santos.

Falando na segunda Convenção da Europa e da Liberdade, o líder centrista apontou que, no futuro próximo, se exige “uma voz forte e rigorosa que, com responsabilidade, ajude a recuperar a confiança dos cidadãos no funcionamento do regime e das suas instituições”, e que, “nunca, como hoje, foi tão evidente que só o CDS pode protagonizar esse discurso e essa mudança”.

“Somos um partido com projeto, com alma e com raízes e para recuperarmos a nossa importância eleitoral não temos de mudar de sítio nem mudar aquilo que sempre fomos”, vincou.

Na abertura da Convenção da Europa e da Liberdade, em Lisboa, o líder dos centristas afirmou que "a salubridade da vida pública exige que a direita se indigne e não permita que qualquer ministro das Finanças passe de governante a governador".

"Quem quer deixar de ser jogador para passar a ser árbitro, tem pelo menos de esperar pelo próximo campeonato, que é como quem diz, passar a esperar por outras legislaturas", advogou.

Por isso, o CDS-PP quer "dignificar a atividade política, afirmando-a enquanto nobre serviço à comunidade, rejeitando firmemente a sua transformação em profissão ou estatuto, em que o interesse público se confunde com os interesses particulares".

"Defenderemos a limitação de mandatos para todos os cargos políticos eletivos e trataremos de impedir que os governantes possam desempenhar, sem um período de nojo alargado, cargos onde beneficiem das suas próprias decisões ou onde a sua imparcialidade esteja comprometida", atirou.

O nome do ministro das Finanças tem sido referido para próximo governador do Banco de Portugal, mas a sua saída do Governo nunca foi confirmada oficialmente.

Ainda sobre o espaço da direita, o líder do CDS voltou a defender "listas comuns" para as eleições autárquicas, "sempre que isso sirva o melhor interesse das populações e sempre que isso permita vencer eleições à esquerda", no caso das presidenciais, "procurando unir em lugar de fragmentar", e nas legislativas, "construindo uma proposta de compromissos que ofereça aos portugueses uma sólida solução de Governo".

"Em todos os casos, a responsabilidade é enorme, e exige que todos saibamos estar à sua altura, sob pena de, perdidos em agendas particulares, em jogos de interesses ou em golpes palacianos, sairmos do próximo ciclo eleitoral mais enfraquecidos do que entrámos", salientou.

Considerando as eleições regionais dos Açores, durante este ano, e as eleições presidenciais e autárquicas do próximo como "uma oportunidade de crescimento e de afirmação que nenhuma força política que combata o socialismo pode desprezar", o centrista defendeu "é em torno desse objetivo que a questão estratégica da aliança dos partidos de direita tem de ser colocada".

No discurso de abertura da iniciativa, Francisco Rodrigues dos Santos propôs igualmente "um novo contrato fiscal, orientado para aumentar a competitividade, a captação de investimento e a confiança nas instituições e no funcionamento da administração tributária".

Este contrato deverá assentar "num sério compromisso de redução continuada da pressão fiscal sobre as famílias e sobre as empresas, devolvendo poder de compra às primeiras e liquidez às segundas" e "um sistema fiscal que promova a mobilidade social e que não seja o seu principal entrave".