Na sequência de buscas realizadas na quinta-feira pela Polícia Judiciária à Fundação O Século, Emanuel Martins, acusou a Câmara Municipal de Lisboa de ficar “com 4,3 milhões de euros” e ter dado à fundação “apenas um milhão daquilo que devia” e ter ficado “com a Feira Popular depois de ter havido um acordo”.
A autarquia reagiu, em comunicado, afirmando que em 2012 tinha feito um acordo com a instituição em que rescindiu os protocolos anteriores entre as duas entidades, por mútuo acordo.
Em contrapartida, a autarquia pagou um milhão de euros e cedeu o direito de superfície de um terreno para exploração de uma bomba de gasolina, tendo a petrolífera BP pagado oito milhões de euros à fundação para a exploração do posto de abastecimento, assim como uma renda anual.
Em declarações hoje à Lusa, Emanuel Martins confirmou a assinatura do acordo, explicando que a instituição foi pressionada pela autarquia, caso contrário a obra social ficaria em risco: “Nós fomos obrigados a assinar o acordo porque eles foram claros connosco: ou assinam isto e está tudo ok ou vão para tribunal”, vincou.
“Se não assinássemos aquele documento no mês a seguir não pagávamos salários, não tínhamos condições para receber algum dinheiro para começarmos a criar os nossos negócios para podermos procurar sustentabilidade”, justificou o responsável.
“O documento que a câmara tem assinado por nós existe, nós assinámo-lo, foi a única forma que tivemos de receber um milhão e de receber um negócio da BP”, frisou.
A Polícia Judiciária esteve na quinta-feira nas instalações da Fundação O Século a realizar buscas, por suspeitas de crimes económico-financeiros cometidos por alguns elementos, disse à Lusa fonte policial.
O Ministério Público esclareceu que na origem das buscas estiveram suspeitas da prática dos crimes de peculato e de abuso de poder, de 2012 até hoje.
Emanuel Martins justificou os gastos da fundação com a necessidade de fazer “obras profundas” no sentido de criar condições para as atividades necessárias para a obra social da fundação.
“As coisas foram correndo, fomos desenvolvendo outras competências e cá estamos”, mas “cada vez pior do ponto de vista financeiro”, lamentou.
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