A 27 de fevereiro de 2022, três dias após o primeiro ataque russo, o chefe do Governo alemão fazia este anúncio, considerado emblemático, num discurso perante o Bundestag (parlamento alemão) no qual apontou uma “mudança de era” na Europa.

Hoje, o novo ministro da Defesa da Alemanha, nomeado a 17 de janeiro, alertou que “os 100 mil milhões não serão suficientes”, numa declaração feita ao diário Süddeutsche Zeitung.

“A cada novo sistema, também temos novos custos de manutenção. A cada novo dispositivo, há novos custos, mais elevados”, justificou o ministro.

O mesmo se aplica ao orçamento anual de Defesa, de cerca de 50 mil milhões de euros: “Não assumo que esse montante seja suficiente”, afirmou Pistorius.

A Alemanha, que anunciou a entrega de vários tipos de armamento à Ucrânia (veículos blindados ligeiros, tanques pesados e lança-foguetes), é confrontada, segundo o ministro, com novas despesas que não estavam previstas há onze meses, quando começou, a 24 de fevereiro de 2022, a ofensiva russa contra a Ucrânia.

Boris Pistorius avançou que será necessário reequipar as forças armadas da Alemanha (Bundeswehr) com 14 novos obuses blindados e cinco lança-foguetes de sistema múltiplo Mars II, 500 mísseis antiaéreos Stinger, 100.000 granadas e 28.000 capacetes, o que deverá resultar em despesas de vários milhares de milhões de euros.

Os 14 tanques Leopard 2 do tipo 2A6 que Berlim planeia entregar à Ucrânia no final de março e início de abril também terão de ser substituídos, com montantes mais elevados devido à inflação e ao aumento dos custos de produção.

“As munições não crescem nas árvores e não ficam lá à espera de ser colhidas”, ironizou o ministro.

“A médio e longo prazo, temos de construir uma indústria de armamento na Europa capaz. Nem todos precisam de desenvolver todos os sistemas de armas. E devemos chegar a sistemas de armamento normalizados na Europa”, defendeu ainda o ministro.

“Temos de ser mais rápidos em termos de contratação”, concluiu o ministro, que terá conversações com a indústria alemã de defesa na próxima semana.

O chanceler Olaf Scholz disse no final de setembro que queria que a Alemanha tivesse a “força armada mais bem equipada da Europa”, mas décadas de subinvestimento no setor tornaram a tarefa enorme.

Berlim também prometeu atingir “nos próximos anos” o limiar de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional dedicado anualmente às despesas militares, respeitando assim os compromissos assumidos face à NATO.