A poetisa Adília Lopes, que morreu segunda-feira, em Lisboa, aos 64 anos, vai ser hoje sepultada no Cemitério dos Prazeres, na freguesia da Estrela, em Lisboa.
Velado na Capela do Rato desde terça-feira, o féretro é encerrado pelas 12h00 de hoje, seguindo-se a missa de corpo presente pelo cardeal José Tolentino Mendonça, cerca das 13h00. A saída para o cemitério está prevista para as 14h00.
A poetisa Adília Lopes, autora de "Caras Baratas", morreu na segunda-feira, em Lisboa, aos 64 anos.
Pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, Adília Lopes nasceu em Lisboa em 1960. Este ano cumpriu 40 anos de vida literária, desde que se revelou na primeira edição do "Anuário de Poetas não Publicados" da Assírio & Alvim, em 1984.
A sua obra inclui títulos como "O Poeta de Pondichéry", "Manhã", "Bandolim", "Estar em Casa", "Dias e Dias" e "Choupos".
"Adília surgiu com um poema que escrevi no meu diário quando uma gata minha, a Faruk, desapareceu", contou a escritora numa entrevista ao jornalista Carlos Vaz Marques, citada no 'site' da DGLAB.
O seu percurso tem início como estudante de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, curso que deixou para trás, depois de lhe ter sido diagnosticada "uma psicose esquizo-afetiva, doença da qual sempre falou abertamente, fosse na sua poesia, em crónicas, conferências ou entrevistas", lê-se na biografia do Centro de Documentação de Autores Portugueses (CDAP).
No início dos anos de 1980, trocou-o pelo curso de Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa, na Faculdade de Letras. Enviou os primeiros poemas para a editora Assírio & Alvim, que selecionou dois deles para o "Anuário de Poesia de Autores não Publicados", de 1984. Pouco depois, lançaria o seu primeiro livro em edição de autor, "Um jogo bastante perigoso" (1985), obra em que começa por evocar Esther Greenwood, a narradora de "Campânula de Vidro", reflexão sobre a depressão profunda da norte-americana Sylvia Plath.
Nos anos seguintes, Adília Lopes publica "O Poeta de Pondichéry" (1986), uma das suas mais traduzidas obras, baseada numa personagem de "Jacques, o fatalista", de Diderot, que seria seguido de "O decote da dama de espadas" (1988), coletânea de poemas dos anos de 1983 a 1987.
Em 2000, reuniu pela primeira vez a sua produção literária num só volume, "Obra", com ilustrações de Paula Rego (1935-2022) e o inédito "O regresso de Chamilly", numa edição da Mariposa Azual, confirmando o seu lugar na literatura portuguesa.
Ao logo da primeira década do novo milénio, a obra da poetisa alargou-se com edição privilegiada da &etc: "A mulher a dias", "César a César", "Poemas novos", "Le vitrail la nuit", "Caderno".
Em 2009, voltou a reunir os seus livros num só volume, desta vez "Dobra", projeto que a levou de volta ao ponto de partida, à editora Assírio & Alvim, à qual se manteve ligada até ao fim.
Datam destes últimos 15 anos títulos como "Apanhar ar", com desenhos da autora, "Café e caracol", "Andar a pé", "Manhã", Capilé", "Bandolim", "Estar em casa", "Dias e Dias", a que se juntaram mais três edições da poesia reunida, "Dobra", em 2014, em 2021 e a derradeira este ano, quando completou 40 anos de vida literária.
As influências assumidas por Adília Lopes passam por Sophia de Mello Breyner Andresen, Nuno Bragança, Ruy Belo, Roland Barthes, sem deixar de fora Emily Brönte, Condessa de Ségur e Enid Blyton.
A sua obra foi traduzida para alemão, castelhano, francês, inglês, italiano, neerlandês, entre outras línguas, e está representada em diversas antologias portuguesas e estrangeiras.
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