Ao longo de duas horas, centenas de chefes de equipa dos voluntários da JMJ ouviram explicações sobre liderança e fizeram exercícios organizados pelo departamento de formação de comportamento organizacional da Escola de Fuzileiros, num palco montado no jardim do Casino do Estoril, em Cascais.
À Lusa, Teresa Vieira, da equipa dos voluntários da organização central da JMJ, explicou que, ao longo do último ano e meio, os chefes de equipa e voluntários da JMJ já receberam várias formações, sendo que a de hoje pretendeu também ser um primeiro “encontro presencial de todos”.
“Este dia, para além de uma formação, é um encontro, e eu acho que o maior valor deste momento é que nos vejamos a todos, ganhemos a força da comunidade e estejamos todos a olhar uns para os outros”, salientou.
Sentados na relva do Jardim do Casino do Estoril, de camisola amarela e chapéu verde, a maioria dos chefes de equipa são portugueses – para “facilitar a comunicação com a organização”, explica Teresa Vieira -, mas alguns também trazem bandeiras ou cachecóis da cor dos seus países de origem, como Maria da Graça, angolana que reside na Polónia.
A seis dias do início da JMJ, Maria admite “algum nervosismo” em ser líder de equipa, mas considera que as formações que têm sido dadas pela organização ajudam e “tranquilizam os corações através das práticas”.
O tenente-coronel Anjos Fragoso, da Escola de Fuzileiros, explicou aos jornalistas que o objetivo destas formações é sensibilizar e despertar os chefes de equipas para os desafios vão enfrentar durante a JMJ, pouco depois de um grupo de jovens ter feito um exercício de montagem de um palco com bidons, pneus e tábuas de madeira.
“Nós não conseguimos formar líderes em tão pouco tempo, mas eles levam daqui algumas ferramentas que basta eles transferirem 1% delas que vão conseguir certamente influenciar, motivar e habilitar os elementos que irão trabalhar com eles”, refere, indicando que esta já é a quarta formação dada este ano pela Escola de Fuzileiros a voluntários da JMJ.
No entanto, entre os vários participantes, houve também quem manifestasse desilusão com a formação dada hoje, em particular Anna, da Polónia, que, acompanhada por um grupo de chefes de equipa estrangeiros, foi-se embora do Jardim do Casino do Estoril logo no início, por não estar prevista qualquer tradução em inglês.
“Esperávamos que houvesse tradução em inglês porque recebemos um email a dizer que todos os chefes de equipa tinham de estar aqui às 10:00 para receber uma formação especial. (…) Não sei se estou preparada para ser chefe de equipa, porque há muita falta de informação, mas está bom, iremos dar o nosso melhor”, disse.
A meio da formação, um organizador anunciou no palco que iria ser fornecida tradução em inglês, que foi posteriormente assegurada por uma senhora. No entanto, os estrangeiros que falaram com a Lusa mantiveram as queixas sobre a organização.
No final da formação, um jovem italiano disse à Lusa que “está um bocado preocupado e pouco preparado” para ser chefe de equipa, indicando que há “muitos problemas de organização”, em particular o facto de ainda não saber ao certo quais vão ser os membros da equipa que vai liderar.
Também há “o problema destas formações, que são em português. Tivemos que ir pedir para haver tradução em inglês para que começássemos a perceber. Não pensaram nada em nós: disseram-nos que 90% eram portugueses, que tinha sido por isso. Então e nós?”, questionou.
O jovem disse que “o seu coração e espírito estão prontos” para a JMJ, mas a “mente tem algumas perguntas que precisam de ser resolvidas”.
Já Blanca, de Espanha, diz estar preparada para ser chefe de equipa, por consistir maioritariamente em fazer “tarefas simples”, mas considera que a organização da JMJ é “um pouco tosca”.
“Não sabíamos que éramos chefes de equipa, só soube porque pessoas da minha equipa me informaram. Não tínhamos nenhum sítio onde estivesse indicado, depois começámos a perguntar e descobrimos um bocado por conta própria”, referiu.
Filipe, de Portugal, afirmou estar contente por ser escolhido como chefe de equipa, e, da sua parte, considerou que a organização da JMJ “tem corrido bem”, apesar de haver imprevistos que são “normais num evento muito grande”.
“Gostei muito da formação, acho que nos ajudou a integrar-nos mais no espírito da jornada e acho que a cooperação com os fuzileiros foi muito importante, porque os militares normalmente têm um grande tipo de preparação para a liderança”, disse.
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