O encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo dos Sete países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido) e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, deverá abordar os desenvolvimentos mais recentes do conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas.
O principal objetivo da atual presidência japonesa do G7 é que desta reunião saia uma “mensagem unificada, que ajude a acalmar a situação no Médio Oriente”, afirmou o porta-voz do executivo japonês, Hirokazu Matsuno, em conferência de imprensa realizada na segunda-feira em Tóquio.
O Japão é a favor da aplicação de uma “pausa humanitária” para permitir a entrada de ajuda na Faixa de Gaza e facilitar as operações de resgate de reféns, posição que a ministra dos Negócios Estrangeiros japonesa, Yoko Kamikawa, transmitiu ao Governo israelita durante uma visita a Telavive no fim de semana passado.
A posição japonesa é semelhante à dos Estados Unidos, cujo secretário de Estado, Antony Blinken, também defendeu, na sua recente visita a Israel, uma pausa humanitária nas ofensivas israelitas, embora não tenha conseguido convencer o Governo de Benjamin Netanyahu.
Tal como os Estados Unidos, o Japão, um país que mantém relações tradicionalmente amistosas tanto com Israel como com os países árabes do Médio Oriente – é altamente dependente das importações do seu petróleo – também não apoiou os pedidos de cessar-fogo no conflito.
No entanto, Tóquio elevou recentemente o tom dos seus protestos contra o crescente número de vítimas civis nos bombardeamentos do exército israelita a Gaza, além de reafirmar o seu apoio à “solução de dois Estados” para pôr fim ao conflito.
Espera-se que da reunião do G7 em Tóquio surja uma declaração conjunta que possa contribuir para acalmar a situação e, ao mesmo tempo, ajustar as diferentes sensibilidades entre os países do grupo, referiram fontes diplomáticas citadas pela agência de notícias espanhola Efe.
A guerra na Ucrânia será outro dos principais pontos da agenda dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, que apelarão a que “não se esqueça” o conflito, que ficou em segundo plano devido à escalada das hostilidades no Médio Oriente.
Os países do G7 já se comprometeram a prestar ajuda à Ucrânia “durante o tempo que for necessário” e “por todos os meios possíveis”, durante a cimeira de líderes realizada em maio passado na cidade japonesa de Hiroshima.
Agora, querem revalidar a mensagem face à estagnação do conflito e aos debates internos que decorrem em alguns dos países sobre a continuidade da ajuda a Kiev.
Além disso, os ministros dos Negócios Estrangeiros discutirão o aumento da instabilidade na região Ásia-Pacífico devido à ascensão militar da China, às tensões à volta de Taiwan e ao desenvolvimento de armas na Coreia do Norte, juntamente com o fortalecimento dos seus laços com Moscovo e o Irão.
A declaração conjunta deverá reafirmar a importância da manutenção da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan, bem como do respeito pelo direito internacional nos mares do leste e do sul da China, onde se registam vários incidentes entre navios chineses e de outros países asiáticos.
A presidência japonesa também planeia convidar os ministros dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Uzbequistão, Turquemenistão, Tajiquistão e Quirguizistão para uma sessão da reunião, através de vídeoconferência, segundo a imprensa local, explicando que a intenção é tentar conter a crescente influência de Pequim na Ásia Central.
Naquela que será a segunda reunião presencial deste ano do G7 sob a presidência japonesa, os ministros dos Negócios Estrangeiros vão realizar um jantar de trabalho hoje em Tóquio e, na quarta-feira, várias sessões de debate.
Comentários