Numa resposta enviada à agência Lusa, a IP explica que “a criação de uma passagem inferior pedonal não asseguraria condições de visibilidade do exterior para o interior da passagem, o que constitui um maior risco a segurança dos utentes, e, em caso de falha de fornecimento de energia ao sistema de bombagem, ficaria impedido o acesso dos passageiros à plataforma central e a evacuação dos mesmos em casos de emergência e socorro”.

Esta resposta surge na sequência de críticas de moradores da Granja, Miramar e Aguda que se manifestam contra as obras projetadas pela IP para a linha férrea que atravessa estas localidades do concelho de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, classificando algumas das estruturas de “mamarracho”, “escarro arquitetónico” ou “muros de Berlim”.

Esta obra já motivou uma queixa ao Ministério Público, bem como ao Provedor da Justiça Europeu, com o argumento de mau uso de fundos comunitários, apresentada pelos moradores.

Somam-se petições públicas e pedidos de esclarecimento, bem como a promessa de ações de protesto no terreno.

Na resposta à Lusa, a IP admite, sobre a passagem superior instalada na estação da Granja, que se comprometeu, após a reclamação apresentada no ano passado por um grupo de cidadãos, a analisar a viabilidade de uma solução de desnivelamento inferior à linha férrea, no entanto concluiu que essa não é possível.

De acordo com a IP, a passagem superior oferece “melhores condições de salubridade e segurança”.

“Por outro lado, a construção de uma passagem inferior neste local, devido aos elevados níveis freáticos que se ali registam e em caso de falha de fornecimento de energia ao sistema de bombagem, com a consequente inundação da obra de arte, seria colocada em causa a acessibilidade dos passageiros à plataforma central”, acrescenta.

Em causa está o projeto que tem vindo a ser implementado ao longo do troço ferroviário da Linha do Norte entre Espinho (distrito de Aveiro) e Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), o qual inclui a colocação de separações acústicas, reformulação de apeadeiros e construção de passagens pedonais superiores para substituir as atuais.

Nas tomadas de posição públicas, os moradores têm acrescentado às preocupações com a mobilidade e com a descaracterização paisagística e cultural destas zonas balneares e piscatórias de Gaia, argumentos sobre a valorização das casas, acrescentando que o projeto colide com as boas práticas de sustentabilidade.

Na petição “Contra o projeto para a passagem superior da Estação da Granja”, que contava com mais de 1.600 subscritores cerca das 10:00 de hoje, é referido que o projeto da IP “coloca em causa o património cultural, paisagístico e arquitetónico da emblemática estação e da envolvente urbana” e “contraria as políticas de mobilidade suave (pedonal e de bicicleta), através da introdução de um verdadeiro obstáculo a todos os residentes e utilizadores da praia da Granja e da estação da Granja”.

A somar às críticas sobre a passagem superior colocada na Granja, os moradores desta localidade, bem como de Miramar e Aguda, têm vindo a criticar as barreiras antirruído que estão a ser colocadas junto à linha, apontando que com muros de 3,5 metros de altura em alguns locais as populações ficam “entaipadas”.