Três institutos de sondagens atribuem a Rumen Radev, ex-chefe da Força Aérea, de 53 anos, entre 58,1% e 58,5% dos votos contra 35,25% e 35,7% da presidente do Parlamento, candidata que contou com o apoio do primeiro-ministro conservador Boiko Borisov. "É uma vitória para todo o povo búlgaro. A democracia venceu a apatia e o medo hoje", declarou Radev à rede BNT neste domingo à noite.
O diretor do Instituto Gallup, Parvan Simeonov, considerou que o resultado "é claramente um voto de protesto". "Eu votei contra Borisov, porque não acho que ele seja honesto e não fez nada para melhorar nossas vidas", disse Zora Kardachka, uma empregada de limpeza de 52 anos.
"Estamos habituados à instabilidade. Do que a Bulgária precisa é de uma nova cara, alguém que defenda os interesses nacionais, em vez de dizer 'sim' a tudo à União Europeia e aos Estados Unidos", opinou o empresário Assen Dragov, de 39 anos, depois de votar, em Sófia.
Na Bulgária, o presidente, eleito para um mandato de cinco anos, desempenha sobretudo um papel protocolar. Ainda assim, é uma figura respeitada, à qual se pode recorrer em caso de crise.
No poder desde 2014 e com mandato previsto para acabar em 2018, o primeiro-ministro cumpriu a promessa feita ao longo de campanha e disse hoje que vai abandonar funções, após a derrota da sua candidata. "Apresentarei minha renúncia amanhã (segunda-feira), ou no dia seguinte (...) Os resultados mostram claramente que a coligação de governo perdeu a maioria", disse Borisov aos jornalistas.
Na primeira volta, a 6 de novembro, o general Radev, um novato na política, surpreendeu ao superar em três pontos a presidente do Parlamento, criticada por sua falta de carisma. Durante a campanha, os dois candidatos divergiram sobre a relação bilateral com a Rússia, país do qual a Bulgária depende - quase completamente - no âmbito energético.
O candidato socialista mostrou-se favorável a uma suspensão das sanções europeias contra a Rússia e declarou que "a Crimeia (península ucraniana anexada por Moscovo em 2014) é russa". Já Tsatcheva prometeu "preservar a orientação europeia e euroatlântica" da Bulgária. Além disso, o seu partido acenou com o fantasma de um regresso ao "totalitarismo comunista", alegando que poderia "provocar o corte dos fundos europeus".
Perante estes ataques, Radev defendeu a sua neutralidade, lembrou que "é um general da NATO formado nos Estados Unidos" e garantiu que "a pertença à UE e à NATO não tem alternativa".
Borisov, que dirige um governo minoritário, perdeu parte de sua popularidade nos últimos tempos, devido às difíceis reformas realizadas num país marcado pela corrupção e pela ineficácia dos serviços públicos. Continua sendo favorito, porém, no caso de eleições antecipadas.
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