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“Durante muito tempo falou-se apenas das consequências negativas, o chamado inverno demográfico, mas hoje, apesar dos desafios, há cada vez mais oportunidades. Existe uma visão mais positiva sobre o fenómeno do envelhecimento”, sublinha Juan Palácios, diretor do Instituto Ageingnomics, o centro de investigação responsável pelo estudo.
Esta segunda edição do barómetro, que atualiza a análise feita há cinco anos, procurou identificar as novas prioridades de consumo e comportamento das pessoas com mais de 55 anos. O objetivo foi compreender a relação desta geração com o mundo digital, o turismo, a reforma e a saúde, tanto no modo como cuidam de si como no papel de cuidadores. “A resposta a estes indicadores ajuda-nos a construir uma visão mais otimista”, afirmam os investigadores.
Idadismo “está a envelhecê-los antes do tempo”
Os dados revelam um contraste significativo entre a perceção individual e a visão social da velhice: os seniores consideram que a idade em que alguém se torna idoso é 73 anos, enquanto a sociedade a situa nos 66.
Apesar da vitalidade económica e social que demonstram, esta geração sente-se frequentemente desvalorizada — 73% acreditam que a sociedade lhes atribui pouco ou nenhum valor e mais de metade considera que a sua experiência não é devidamente reconhecida no mercado de trabalho.
Há também uma preocupação com o futuro: quase metade teme pela sustentabilidade do sistema de pensões, mas apenas uma minoria possui um plano de poupança dedicado: o PPR continua a ser a poupança proprietária. Ainda assim, 44% afirmam sentir-se tranquilos quanto à sua situação económica, e metade consegue poupar mensalmente, mesmo após a reforma, destinando em média 15% do rendimento a poupanças. Além disso, ainda conseguem ajudar financeiramente as pessoas à sua volta.
A idade ideal de reforma situa-se nos 64 anos, embora a idade real esperada ronde os 67. Curiosamente, um quarto dos inquiridos estaria disposto a prolongar a vida ativa para além dos 65.
“População sénior está cada vez com mais vontade de viver”
O estudo desmonta estereótipos e revela um grupo com poder de compra, energia e vontade de aproveitar a vida. O turismo surge como prioridade: cerca de 2,3 milhões de seniores contribuem ativamente para o consumo interno, e 69% planeiam viajar no próximo ano, sobretudo dentro de Portugal (58%).
O dinamismo estende-se à saúde e ao bem-estar: três em cada quatro cuidam da alimentação, a mesma proporção realiza exames preventivos, e quatro em cada dez dizem investir na saúde emocional. A sexualidade continua a ser vista como parte essencial da qualidade de vida.
Mesmo na maturidade, o amor mantém-se: 78% das pessoas com parceiro estável afirmam estar apaixonadas, com uma ligeira vantagem dos homens (81%) sobre as mulheres (76%).
Até aos 70 anos, oito em cada dez continuam a conduzir regularmente e defendem que não há uma idade fixa para deixar o volante, depende da condição física e mental de cada pessoa. Na hora de trocar de carro, três em cada dez ponderam o impacto ambiental como fator decisivo.
Uma geração de proprietários
A alimentação e a habitação continuam a dominar o orçamento sénior, com a saúde a ocupar o terceiro lugar. No que toca à casa, a maioria é proprietária (73%), e mais de metade já sem encargos (57%) valores ligeiramente abaixo dos registados em Espanha, onde a taxa de propriedade chega aos 83%.
A virada de página no capítulo das novas tecnologias
Uma das grandes transformações observadas desde 2022 está no campo tecnológico: a literacia digital sénior aumentou significativamente.
“A ideia de gap geracional está a desaparecer”, defende Juan Palácios. Hoje, a maioria dos seniores usa regularmente ferramentas digitais: lê notícias online, acede a redes sociais, gere contas bancárias e comunica através de aplicações móveis. O digital já faz parte da rotina.
Entre os seniores solteiros, há também espaço para o amor online: mais de 22 mil utilizam plataformas de encontros como o Tinder.
Palácios admite, inclusive, querer trazer para Portugal o guia espanhol “Como ajudar os seniores a ser cultos digitais”, um projeto que se revelou um sucesso no país vizinho.
Uma visão positiva sobre o futuro
O barómetro, realizado em Portugal e Espanha, mostra que os seniores dos dois países partilham hábitos e atitudes semelhantes. E, segundo o Instituto Ageingnomics, há motivos para otimismo: esta geração está mais ativa, informada e preparada para continuar a contribuir para a economia e para a sociedade, desde que se mude, finalmente, a forma como olhamos para o envelhecimento.
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