Em resposta a questões da agência Lusa, fonte oficial da concessionária dos aeroportos começou por referir a “solidariedade com os passageiros vítimas dos atrasos e cancelamentos da TAP”, compreendendo a situação que a TAP está a viver tendo em consideração as “dores de crescimento””.
“No entanto, não podemos aceitar que a TAP nos impute a responsabilidade dos atrasos e cancelamentos da sua operação”, acrescentou a mesma fonte, recordando que a ANA gere aeroportos, que, por definição, “são ativos imóveis e como tal não podem, como é natural, criar atrasos”.
“Pelo contrário, as infraestruturas vêm-se penalizadas pela falta de pontualidade e regularidade de quem nelas opera. Os atrasos das companhias aéreas podem ter várias causas entre as quais, a título de exemplo, uma operação sobredimensionada relativamente à frota e tripulação disponível para realizá-la, problemas técnicos nesta frota ou, finalmente, constrangimentos no espaço aéreo”, enumerou a empresa, detida pela Vinci desde 2012.
A ANA recordou que a capacidade do sistema aeroportuário é “declarada e partilhada previamente entre os operadores”, através da atribuição de ‘slots’ (horários para movimentos) e o uso dessa capacidade “é planeada com muita exatidão e o bom funcionamento dos aeroportos depende de um cumprimento razoável deste planeamento”.
“Obviamente não podem ser imputados à ANA todos os atrasos e muito menos as centenas de cancelamentos dos dias recentes”, concluiu a mesma fonte à Lusa.
A transportadora aérea TAP tinha afirmado hoje estar a sofrer “sérios danos” na sua pontualidade devido aos “graves constrangimentos e limitações” do aeroporto de Lisboa e do controlo do tráfego aéreo, que se têm agravado.
Como principal companhia aérea a operar no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, a TAP é, assim, a “mais afetada pelos graves constrangimentos desta infraestrutura aeroportuária”, disse fonte oficial da transportadora à agência Lusa.
“Esses constrangimentos e limitações do aeroporto de Lisboa, a que se juntam também os de controlo do tráfego aéreo, têm vindo a agravar-se e têm causado sérios danos à pontualidade da TAP, provocando atrasos significativos em toda a operação da companhia”, segundo a transportadora, que considerou esta “situação muito preocupante e danosa para os seus planos de expansão”.
Assim, segundo a mesma fonte, as queixas dos passageiros refletem essas “perturbações, às quais se juntam também desafios operacionais” que a empresa espera resolver brevemente com a chegada de novos aviões e com “o recrutamento, em curso, de mais tripulantes”.
Na quarta-feira, em comissão parlamentar, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, tinha afirmado que a TAP está a “sofrer dores de crescimento” e está a responder a ineficiências operacionais, nomeadamente através da alteração do “processo de instrução” dos pilotos.
O ministro informou ainda que a transportadora criou uma estrutura interna para gerir os cancelamentos e que a Comissão Executiva da empresa já transmitiu ao Governo que “espera estabilizar significativamente a operação”.
Pedro Marques citou ainda dados do Eurocontrol, segundo os quais metade dos atrasos se devem à posição geográfica periférica de Portugal e lembrou os registos de mau tempo, greves e questões laborais em várias companhias.
Além das queixas na página da TAP na rede social Facebook sobre atrasos e cancelamentos, uma passageira pormenorizou à Lusa que passageiros de Barcelona (Espanha) estão a “fazer escalas entre Bélgica e outros países da Europa, entre uma a duas, com o risco de ficarem presos numa das escalas por voos uma vez mais cancelados”.
Sobre este assunto, a TAP informou que, em alguns casos, recorre a voos de parceiros através de outros aeroportos europeus para fazer face ao tráfego da época de férias e aos constrangimentos do aeroporto e controlo de tráfego aéreo em Lisboa.
Há cerca de uma semana, a Lusa contou mais de 50 cancelamentos nos aeroportos de Lisboa e do Porto, depois de o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), Fernando Henriques, ter informado que no fim de semana de 23 e 24 de junho a TAP tinha tido “mais de 70 cancelamentos”.
Nessa altura, a companhia lamentou os cancelamentos registados na noite de 25 de junho na Madeira e no Porto, enumerando “contingências imponderáveis”, como mau tempo, obras e greve.
“A TAP lamenta os cancelamentos em causa, provocados por uma série de contingências imponderáveis, como foram o caso de um período de mau tempo no Porto, aliado a obras no aeroporto Sá Carneiro, que obrigaram ao encerramento do aeroporto durante a noite”, a que se juntaram “perturbações provocadas no tráfego aéreo pela greve em Marselha”, segundo disse, na altura, fonte oficial da empresa à Lusa.
Atualmente, o Estado detém 50% do capital, a Atlantic Gateway 45% e os trabalhadores os restantes 5% do capital.
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