“Existe um enorme mercado informal que desvia os REEE dos circuitos formais. Na realidade, quando desviados, os REEE deixam de ser contabilizados para as metas de recolha, mas também não são reciclados de acordo com os ‘standards’ que garantem o destino adequado das frações resultantes do tratamento, algumas das quais perigam o ambiente a saúde humana”, lamenta o presidente da ERP Portugal, Ricardo Neto, em declarações à Lusa.
A ERP Portugal e a Electrão são as principais entidades gestoras de REEE.
Em 2023 a ERP atingiu as 18.000 toneladas de equipamentos recolhidos, sendo mais representativos (em peso) os grandes eletrodomésticos, como as maquias de lavar roupa, frigoríficos e arcas congeladoras.
A rede de recolha composta por ecocentros municipais, lojas da especialidade, escolas e indústria, reforçada com parcerias com operadores de gestão de resíduos, foi responsável por 66% da recolha da ERP, segundo a associação.
Ricardo Neto diz que os resultados indicam um “bom caminho”, mas adianta que Portugal está, ainda, “muito aquém do cumprimento das metas europeias”.
Porque tendo em conta os resultados das principais entidades gestoras de REEE, foram recolhidas cerca de 45.000 toneladas, pelo que desapareceram cerca de 100.000 toneladas. (Valor obtido pela diferença entre o peso dos produtos colocados no mercado e os recolhidos para reciclagem).
Questionado pela Lusa sobre se é o sistema que está em causa o responsável negou.
“O sistema de recolha em Portugal tem mais de 20.000 pontos, um rácio por habitante muito elevado para resíduos que não descartamos diariamente (como fazemos com as embalagens), ou seja, mais do que suficiente”, disse, reafirmando que o problema está no mercado informal.
“Quem nunca viu um frigorífico esventrado na beira da estrada?”, questionou, considerando que o mercado informal precisa de ser controlado pelas autoridades policiais e de inspeção.
A ERP Portugal, que pertence a uma plataforma pan-Europeia, “European Recycling Platform”, está no país desde 2006 e tem uma rede de 8.500 pontos de recolha de REEE e baterias. A nível europeu já recolheu mais de quatro milhões de toneladas de REEE.
Em Portugal desenvolve campanhas de sensibilização como a Geração Depositrão, que congrega mais de 1.400 escolas, o programa “Junta na Freguesia”, campanhas junto do setor da distribuição ou a campanha “onde estão as pilhas?”.
Segundo os resultados do 4.º relatório “Global E-waste Monitor”, da ONU, divulgados na semana passada, apenas 22% dos equipamentos eletrónicos usados são reciclados, a nível mundial.
A Electrão, em comunicado divulgado na sexta-feira, também considera que há muito por fazer em Portugal para melhorar os resultados.
E considera imperativo fiscalizar e sancionar os agentes económicos que operam neste mercado.
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