O grupo Obria, que opera uma rede de clínicas fundadas por organizações católicas, recebeu uma bolsa de 32 mil dólares em 2011 e outra de 120 mil dólares em 2015. Estas bolsas visam aumentar a visibilidade de organizações sem fins lucrativos em todo o mundo.

Segundo o jornal inglês, estas clínicas oferecem alguns serviços médicos — como testes de gravidez, ultra-sons e aconselhamento pré-natal, mas visam sobretudo desincentivar mulheres que procuram os seus serviços porque desejam colocar termo a uma gravidez. Ao fazê-lo, não dão portanto às utentes informação completa sobre as suas opções.

Apesar de a publicidade e presença online sugerir que o grupo auxilia utentes que procurem terminar uma gravidez, o facto é que o grupo se opõe ao aborto e todas as formas de contracepção.

Centros que fornecem este tipo de serviços são conhecidos como “crisis pregnancy centers (CPCs)” [Centros de crise na gravidez] e são apoiados pela agência de comunicação Choose Life Marketing, que incentiva as clínicas a candidatarem-se a este tipo de bolsas.

Questionada sobre o tema, a Google disse que as bolsas são dadas “a grupos diversos que representam diferentes pontos de vista e defendem diferentes causas”, incluindo grupos a favor e contra o aborto.

Sem comentar o caso da Obria em particular, a gigante tecnológica disse apenas que todos os que concorrem a estas bolsas têm de cumprir as normas, sendo que uma dessas regras proíbe publicidade enganosa.

A empresa, quando confrontada com exemplos de anúncios que violam as suas próprias regras recusou comentar, informando apenas que estes iriam ser retirados. No entanto, continuavam a visíveis vários dias depois.

Não é claro que anúncios específicos foram publicados pela Obria com recurso à bolsa porque essas informações não são públicas, escreve o jornal inglês.