"As decisões do Presidente da República, no que diz respeito à saúde pública, não alcançarão Goiás! No momento em que o mundo pede socorro, se une ao combate contra o coronavírus, vem em rede nacional lavar as mãos, responsabilizar outras pessoas por eventual colapso em nosso País", escreveu Caiado na rede social Twitter.
Na terça-feira à noite, Jair Bolsonaro afirmou num intervenção na cadeia nacional de rádio e televisão que as pessoas deveriam retomar as suas atividades para não prejudicar a economia do país.
O chefe de Estado brasileiro defendeu que ações de quarentena e isolamento deveriam ser cumpridas apenas por elementos dos grupos de risco, idosos e pessoas com problemas de saúde.
Bolsonaro reafirmou hoje de manhã este ponto de vista e declarou que conversará com o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, para implementar quarentenas verticais que, em teoria, restringem a circulação apenas das pessoas que estão nos grupos de risco.
Crítico desta postura, o governador, que também é médico, suspendeu aulas nas escolas de Goiás e decretou medidas duras como a paralisação de qualquer atividade de circulação de mercadorias e prestação de serviços, em estabelecimento comercial aberto ao público, considerada de natureza privada e não essencial à manutenção da vida.
"Nós não vamos aceitar isso do Presidente. Isso não faz parte da postura de um governante. Tem uma frase do ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama que faz muito sentido neste momento: Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude!", frisou Caiado, noutra mensagem no Twitter sobre as declarações de Bolsonaro.
"Buscar a tese de que teremos colapso económico de grandes proporções, é querer colocar na balança o que é mais importante: a vida humana ou a sobrevivência da economia. E isso não tem discussão. Garantir a saúde, a segurança alimentar e física dos goianos é minha responsabilidade", acrescentou.
Ronaldo Caiado, um político que se diz conservador e é muito ligado ao agronegócio brasileiro, era um dos maiores aliados de Jair Bolsonaro no grupo de 27 governadores de estado do Brasil.
O governador de Goiás, porém, vinha tendo atritos com apoiantes do Presidente por causa do surgimento da covid-19 no país.
Em 15 de março, Caiado tentou dispersar pessoalmente uma manifestação convocada em apoio a Jair Bolsonaro na cidade de Goiânia, capital de Goiás, por grupos conservadores.
O governador foi vaiado e ameaçado pelos participantes quando pediu a dispersão para evitar a propagação do novo coronavírus.
O Brasil registou 2.201 infetados e 46 mortos pela covid-19, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados na terça-feira.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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