“Eu não politizo nem o vírus, nem a covid-19 e muito menos a vacina. Lamentavelmente, quem politizou, colocou ideologia e colocou uma visão política foi o Presidente Jair Bolsonaro”, disse o Governador de São Paulo, João Doria, em entrevista à rádio CNN.

“Não gostaria que tivesse feito isto, não era o procedimento e o comportamento que eu e, provavelmente a maioria dos brasileiros, esperariam de um Presidente”, acrescentou.

Doria se elegeu governador associando sua candidatura à campanha presidencial de Bolsonaro em 2018, mas os dois se afastaram no ano passado e tornaram-se rivais políticos declarados durante a pandemia do novo coronavirus.

Na quarta-feira, o secretário executivo do Ministério da Saúde do Brasil, Elcio Franco, apresentou um cronograma para vacinação contra a covid-19 que ignorou a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, a CoronaVac, em fase final de estudos no Brasil.

O imunizante é testado desde julho em São Paulo e noutros estados numa parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, órgão ligado ao governo regional de São Paulo.

O governo ‘paulista’ já comprou 60 milhões de doses da Coronavac e defende que a vacina seja distribuída pelo Governo central no Sistema Único de Saúde (SUS).

Se o imunizante chinês comprovar sua eficácia ele também será fabricado no Brasil, pelo Instituto Butantan.

O Ministério da Saúde brasileiro, por sua vez, firmou um contacto com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca para testagem de outro imunizante que inclui um contacto de compra de 100 milhões de doses desta outra vacina.

O jornal Folha de S.Paulo informou hoje que o conselho nacional dos secretários estaduais de Saúde enviou uma carta ao Ministério da Saúde cobrando compromisso de inclusão da vacina que será produzida pelo Instituto Butantan no Programa Nacional de Imunizações.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,1 milhões de casos e 151.747 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e noventa e três mil mortos e mais de 38,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.