“As escolas portuguesas [no estrangeiro] são para o Governo português espaços privilegiados de carinho e, por isso, também, vamos incluir logo que o decreto-lei seja aprovado, os professores que estão em situação de contratados nas nossas escolas com a possibilidade de poderem vincular com igualdade de circunstâncias com os professores portugueses que estão em qualquer uma das 809 escolas que desenvolvem a sua atividade no território nacional”, disse António Leite, num discurso no auditório da EPD em Díli.
“O número de professores contratados nas escolas portuguesa no estrangeiro em condições de vincular é só 71. Face aos 10 mil que vão ser vinculados e às 20 mil vagas que vão abrir, são apenas 71. Mas são 71 pessoas, algumas das quais aqui, com os mesmos direitos que os seus colegas que trabalham em Portugal”, afirmou perante alguns docentes.
António Leite, que chegou hoje a Díli para uma visita de vários dias, falava no seu primeiro ato público, momentos depois de visitar o Cemitério de Santa Cruz, e depois de ser recebido na EPD por danças tradicionais timorenses e pelos hinos de Timor-Leste e de Portugal interpretados por alunos da escola, quase todos timorenses.
“Um momento de recomeço é um momento em que todas as coisas parecem possíveis. As maiores felicidades para que esta escola se mantenha como uma escola de referência, não apenas entre as escolas timorenses, mas entre as escolas portuguesas”, disse.
Leite reconheceu o trabalho de todas as direções anteriores da EPD, agradeceu a todos os que trabalham na escola e vincou a importância de consolidar o trabalho feito até aqui.
“Uma escola é sempre um posto avançado de conhecimento, da cultura, da ciência e da mudança. É um instrumento poderosíssimo de transformação social, mesmo com todas as suas limitações – e as escolas têm todas as suas limitações -, de desenvolvimento humano, social, e económico”, afirmou.
O governante destacou ainda papel das escolas portuguesas no desenvolvimento dos países onde se encontram e no reforço da língua portuguesa.
“Deve ser uma ponte entre povos e culturas, sem apagar as diferenças, realçando a diversidade. Será sempre, e terá que ser sempre uma janela para o mundo, um abrir de possibilidades para todos e todas que aqui trabalham e aqui vêm aprender e ensinar”, frisou.
Intervindo na cerimónia de boas-vindas e de tomada de posse da direção, o novo diretor da escola, Manuel Alexandre Marques, recordou as cheias de 13 de março de 2020 e traçou alguns objetivos.
“Queremos fazer melhor porque há sempre espaço para crescimento. Será sobretudo uma escola unida, cujo foco principal são os alunos. É neles e para eles que queremos olhar, sobretudo nas condições que lhes damos e com que os nossos docentes, heróis do dia a dia, se deparam”, afirmou.
Na mesa ocasião, Manuela Bairos, embaixadora de Portugal em Díli, recordou que a educação é o setor dominante da cooperação portuguesa em Timor-Leste e que a EPD é uma das “peças fundamentais” da estratégia do Governo dos dois países.
”A nossa cooperação em Timor-Leste chama-se educação. Não é de todo a área mais fácil de cooperação, mas é aquela que, correspondendo aos desejos do Governo timorense, nos tem sido solicitada”, afirmou.
“Os destinos de um país e o futuro de um povo dependem da educação e nessa medida é com grande alegria, mas também sentido de responsabilidade e exigência que Portugal assume esta tarefa de acompanhar o Governo de Timor-Leste nos desafios enormes que se colocam às suas crianças e jovens”, disse.
A diplomata disse que a EPD é “uma escola de elite e de referência, com uma missão muito específica de procurar dar resposta a muitos pais de alunos que a procuram, muitos dos quais no futuro vão querer estudar em Portugal”.
A tomada de posse decorreu no Auditório 13 de março, que recorda a data, em 2020, em que a escola foi varrida por uma enxurrada, destruindo grande parte do seu equipamento e obrigando ao seu fecho durante vários meses.
Em declarações à Lusa, antes da cerimónia, Manuel Marques, disse que um dos maiores desafios atuais da escola é o elevado número de alunos tendo em conta as infraestruturas existentes.
“O nosso espaço está neste momento superlotado e temos de encarar isso de frente. Temos que encarar o facto de esta superlotação ser muito grande. É uma luta que teremos que travar, perceber como vamos expandir”, disse.
António Leite chegou hoje a Timor-Leste para a sua primeira visita ao país durante a qual assina com o ministro da Educação, Juventude e Desporto timorense, Armindo Maia, o novo protocolo que gere as 13 escolas onde lecionam professores portugueses e de Timor-Leste, conhecidas como CAFE.
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