“Neste momento já estão aprovados 22 projetos, que correspondem a 248 milhões de euros, sendo que os restantes serão para aprovar até ao final deste ano, para que a execução esteja concluída, o mais tardar, em 2022″, disse Capoulas Santos, em declarações à Lusa.
De acordo com o responsável, o programa em causa visa instalar em todo o país cerca de 95 mil hectares de regadios, 54 mil de novos regadios e 41 mil correspondentes a modernizações, tendo sido alocado um investimento público na ordem dos 534 milhões de euros.
“A água e o regadio são o mais importante fator de competitividade da nossa agricultura, o melhor instrumento de resiliência contra as consequências das alterações climáticas que se têm vindo a verificar e que, no caso deste ano e do ano passado, são particularmente evidentes com a seca que se tem vindo a observar. [Os regadios] visam também uma maior criação de emprego, contribuindo, desta forma, para a coesão territorial e para a criação de riqueza no nosso território”, indicou.
Ao longo de todo o país estão já aprovados vários projetos, de que são exemplo, no Algarve e no sudoeste alentejano, o regadio na Várzea-de-Odeleite e na Várzea-de-Benaciate, a modernização do regadio nos perímetros de Campilhas e Alto Sado, na zona Litoral, Norte e Centro, em Óbidos, Vale do Liz e baixo Mondego e no interior norte na Alfândega-da-Fé.
Ainda hoje será publicamente apresentado o projeto da Lezíria de Vila Franca, que visa beneficiar cerca de 6.500 hectares e para o qual estão alocados 30 milhões de euros.
“O projeto tem uma importância económica e ambiental muito grande. Visa beneficiar cerca de 6.500 hectares da lezíria, através do novo sistema de condutas, para que os agricultores possam ficar protegidos e também para aproveitar melhor os solos que, nalguns casos, têm um elevado grau de salinização. Alguns deles só podem ser utilizados para o cultivo do arroz, precisamente por essa razão”, notou Capoulas Santos.
Apesar do concurso para o Programa Nacional de Regadios estar aberto até ao final de setembro, o ministro da Agricultura garante, para já, que a primeira conclusão a retirar é que há “uma grande intenção” de investir no regadio.
“Estas iniciativas emanam dos próprios agricultores, uma vez que a política de regadio só avança quando metade dos agricultores de uma determinada área a beneficiar estejam dispostos a constituir-se numa associação e a demonstrar essa vontade de ver os seus terrenos irrigados”, explicou.
O ministro da Agricultura disse que o balanço do programa “é positivo”, sendo também um fator de competitividade da agricultura nacional.
“A agricultura portuguesa tem vindo a conhecer um grande trajeto de inovação e prosperidade nos últimos anos e isso muito se deve ao aumento da disponibilidade de água, sobretudo, num país com as nossas características climáticas. A água é um fator determinante, principalmente, se for fornecida aos agricultores a preços acessíveis”, vincou.
Apesar de admitir que o cenário de seca ainda está longe de ser afastado, o ministro da Agricultura garante que as últimas chuvas conseguiram atenuar o problema e a longo prazo vão contribuir para a recarga das reservas de água.
“Neste momento é muito precipitado estar a antecipar quebras de produção agrícola. Esta chuva tem efeitos muito benéficos, de forma imediata, no setor da pecuária, aumentando a produção de matéria verde, e, a longo prazo, está a contribuir para a recarga das reservas de água”, concluiu.
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