“Graças a Deus, o país caminha para uma normalização institucional absoluta em grande velocidade”, disse o ministro da Justiça, Flávio Dino, numa conferência de imprensa, em que fez um balanço das operações de repressão aos responsáveis pelos assaltos à sede do Presidência, do Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), que ocorreram este domingo em Brasília.
Segundo Dino, apesar dos danos ainda visíveis nos principais prédios públicos do país, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi trabalhar normalmente no Palácio do Planalto, onde se reuniu com autoridades dos demais poderes e com comandantes militares.
“Lula reuniu-se com as autoridades civis e com os comandantes das Forças Armadas, para que, tanto no que se refere às instituições civis como militares, reine a plena normalidade”, assegurou o ministro da Justiça.
O ministro também informou que “foram feitas 209 detenções em flagrante do domingo e outras 1.200 pessoas que se encontravam no acampamento ‘bolsonarista’ em Brasília estão a ser ouvidas pela polícia, ou seja temos um total de 1.500 pessoas detidas”.
Segundo o governante, a maioria dos detidos estavam no acampamento e foram encaminhados para uma sede da Polícia Federal, para serem identificados e interrogados por cerca de 50 equipas de investigadores.
De acordo com Dino, Lula da Silva também pretende reunir-se ainda na noite desta segunda-feira com os governadores dos 27 estados brasileiros, que manifestaram o seu repúdio unânime aos ataques realizados por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro insatisfeitos com a derrota eleitoral, que defenderam ao longo de meses um golpe militar e pretendiam tomar o poder pela força no domingo.
“O mais importante é que as Forças Armadas permaneceram fiéis ao poder democrático e isso é algo que temos que comemorar. De uma forma geral, diria que o pior já passou e que agora podemos esperar julgamentos políticos e criminais”, considerou o ministro brasileiro.
Dino afirmou que, um dia após os ataques, é possível reiterar que os ‘bolsonaristas’ não tiveram sucesso na tentativa de burlar a lei.
“Eles [bolsonaristas] não tiveram sucesso na tentativa de gerar um efeito dominó. Alguns acreditaram que a partir desses acontecimentos simbólicos, como a invasão da Presidência e do Congresso, eles levariam a novas aventuras, e isso foi superado”, disse o ministro, referindo-se à intenção dos radicais que atacaram a Praça dos Três Poderes para forçar um golpe contra o Governo de Lula da Silva, uma semana após a sua posse.
O ministro afirmou que o interventor federal que o chefe de Estado indicou para assumir a gestão da segurança pública em Brasília agiu com rapidez e, com o apoio da Polícia e do Exército, desmantelou o acampamento que os ‘bolsonaristas’ haviam montado desde as eleições diante do quartel-general do Exército.
Dino acrescentou que as autoridades também neutralizaram as tentativas de apoiantes de Bolsonaro de promover manifestações em outros estados do país e que já desbloquearam as nove estradas onde ocorreram as manifestações de domingo e imobilizaram 40 autocarros que transportavam radicais.
Segundo o ministro, estão a ser avaliados os prejuízos para que a Advocacia-Geral da União “possa exigir indemnizações dos responsáveis pelos atentados”.
Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.
A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram pelo menos 1.500 detidos.
A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios.
Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres terão atuado com negligência e omissão.
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