Num debate que antecedeu a reunião ministerial do grupo de Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20, no Rio de Janeiro, a ministra acrescentou que a seca extrema que atinge várias regiões do país reduziu a profundidade para cerca de 70 centímetros em alguns rios da Amazónia, que chegam a 14 metros de profundidade, o que não só deixou diversas áreas isoladas, mas também agravou a crise climática em diversas regiões.
Citada pela agência espanhola Efe, Marina Silva explicou que essas condições favorecem a proliferação de incêndios florestais em grande parte do Brasil, que atingiram números inéditos em agosto e setembro e atualmente somam cerca de 931, principalmente na Amazónia.
A ministra brasileira citou dados sobre a gravidade da crise climática para destacar a necessidade de preservar a natureza, que, afirmou, é a fonte económica mais importante do Brasil e de toda a América do Sul.
“Precisamos pensar e agir com urgência porque dependemos da natureza. Segundo dados do Fórum Económico Mundial, 50% do PIB [Produto Interno Bruto] mundial depende muito ou moderadamente da natureza. A região depende das chuvas na Amazónia”, disse Marina Silva.
A ministra brasileira considerou ser necessário que a sociedade compreenda que ecologia e economia fazem parte da mesma equação, porque o mundo utiliza a natureza para produzir bens materiais.
Na reunião sobre Finanças Sustentáveis, anterior à reunião que os ministros do Ambiente do G20 terão na quinta e sexta-feira desta semana no Rio de Janeiro, Marina Silva afirmou que é necessário adotar um sistema para a proteção dos ecossistemas para evitar que eles alcancem pontos sem retorno.
“Precisamos criar um sistema disruptivo de regulação prudencial que nos permita garantir a manutenção da vida. Isso exige o nosso investimento mais ousado”, afirmou Marina Silva, que também defendeu a adoção de uma espécie de Acordo de Basileia 4 sobre os riscos de destruição da vida.
A ministra declarou que o Governo do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, criará uma Autoridade Climática para coordenar os esforços do setor público no cumprimento das metas climáticas, mas esclareceu que, para que este órgão tenha plenas condições de atuação, é necessário também criar a figura da emergência climática no Brasil.
“Na legislação já temos estados de calamidade e catástrofe climática que nos permitem agir quando os danos já ocorreram, mas precisamos de um estado de emergência que nos permita antecipar e trabalhar preventivamente”, concluiu.
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