Já depois dos governos de Espanha e Itália terem confirmado a retirada de portugueses do Sudão, assolado por confrontos entre fações militares rivais, já esta manhã de segunda-feira o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal salientou que foi iniciado o processo de evacuação de 21 portugueses daquele país.

"Há uma coordenação muito próxima minha e da ministra da Defesa com aliados, nomeadamente Espanha e França", disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros, confirmando que o governo só tem conhecimento de 22 portugueses naquele país.

"22 é o total de portugueses conhecidos no Sudão, mas nunca posso excluir a possibilidade a aparecer mais algum. Desses 22, 21 quiseram sair e são esses que estamos agora a apoiar", disse Gomes Cravinho, salientando que um português optou por ficar no Sudão. "Está numa zona relativamente segura do sul do país".

Segundo dados do MNE, 11 portugueses estão já no Djibouti, ao passo que os outros 10 estão a caminho das fronteiras de países como o Egito. "Ainda não estão todos fora do país, mas estão todos fora de situação de maior perigo. Naturalmente que até estarem todos fora do país e em território nacional, continuaremos a acompanhar", salientou.

Questionado sobre se a missão de repatriamento dos portugueses no Sudão está a ser coordenada com a União Europeia, Gomes Cravinho explicou que não: “Não é uma coordenação da União Europeia, há uma coordenação muito próxima, minha e da senhora ministra da Defesa com aliados, muito em particular a França e Espanha”, disse.

Quanto à possibilidade de a Força Área Portuguesa participar naquela missão, o ministro não excluiu essa hipótese.

“Estamos a ver se faz sentido enviar um meio da Força Aérea Portuguesa ou se, pelo contrário, é possível virem com outros aviões de aliados para sítios mais próximos e aí a força aérea ir buscá-los”, referiu.

Desde 15 de abril que se registam violentos combates no Sudão, num conflito que opõe forças do general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país desde o golpe de Estado de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

O balanço provisório dos confrontos indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).