“A repressão aos automobilistas é um ataque à vida quotidiana da maioria das pessoas no Reino Unido que dependem dos carros para chegar ao trabalho ou ver a família”, disse o primeiro-ministro.

“O Governo do Reino Unido irá delinear um plano de longo prazo para apoiar os automobilistas, acabando com as medidas anti-automóveis em toda a Inglaterra”, acrescentou Rishi Sunak, num comunicado.

Entre as medidas divulgadas na sexta-feira, dois dias antes do início do congresso anual do Partido Conservador, o executivo prometeu “rever as regras” que permitem aos municípios em Inglaterra limitar a velocidade a 20 milhas por hora (cerca de 30 quilómetros por hora), para “prevenir a sua utilização generalizada em áreas onde não é apropriado”.

Sunak disse querer também “evitar que as autarquias apliquem o princípio da ‘cidade de um quarto de hora'”, um modelo de urbanização onde os serviços essenciais devem ser acessíveis em 15 minutos a pé ou de bicicleta, para reduzir modos de transporte poluentes.

O anúncio acontece depois do Governo de Gales, liderado pelo primeiro-ministro trabalhista, Mark Drakeford, ter reduzido a velocidade máxima de condução em algumas áreas residenciais de 30 para 20 milhas por hora, uma decisão criticada pelos conservadores.

No final de agosto, o autarca da capital, o também trabalhista Sadiq Khan, alargou a toda a região metropolitana da Grande Londres um imposto sobre os veículos mais poluentes, para lutar contra a poluição atmosférica.

A medida foi vista como a principal causa da derrota face ao rival conservador do candidato trabalhista numa eleição intercalar, este verão, num distrito eleitoral do oeste de Londres.

No seio do Partido Conservador — que, segundo as sondagens, poderá perder as próximas legislativas — a medida levou apoiantes a apelar, em nome da defesa da economia, a um abrandamento da luta contra as alterações climáticas e a favor da proteção ambiental.

Na semana passada, Sunak anunciou uma diluição das políticas climáticas, nomeadamente o adiamento por cinco anos da proibição de novos carros a gasóleo e a gasolina, apesar de ter mantido a meta da neutralidade carbónica até 2050.

O Partido Conservador reúne-se a partir de domingo em congresso em Manchester e nos jornais circulam rumores de anúncios como uma possível redução do imposto sucessório, a reforma dos exames do ensino secundário e uma nova legislação de combate ao tabagismo.

A mais controversa decisão, criticada dentro do próprio partido, poderá ser a redução do projeto da linha ferroviária de alta velocidade entre Londres e Manchester devido ao descontrolo dos custos.